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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ESQUADRILHA DA FUMAÇA E RASANTE FATAL DO B-25

Cumbica, anos 60

Numa festa de aniversário da BASP, muitas apresentações de salto de paraquedas, NA-T6 da esquadrilha da fumaça, parada militar, entrega de medalhas, almoço festivo no Rancho e o dia ia passando com muitas pessoas participando da festa.


Numa das últimas apresentações aérea, uma esquadrilha de aviões B-25 davam rasantes na pista...

Avião B-25 em demonstração - clique para ver

... quando num rasante espetacular, um dos B-25 teve seus motores disparados bem em cima da pista, sendo que o avião voando baixo a percorreu por completo, passando pela cabeceira da pista e ainda em voo rasante foi em direção ao Bairro do Taboão, em Guarulhos.

Antes do avião penetrar em área urbana, o piloto em manobra espetacular tentou aterrissar no grande brejo que existia após a cabeceira da pista, mas o B-25 bateu no brejo e levantou voo, diminuindo a velocidade, bateu numas árvores e caiu bem em cima de um casebre existente logo após o brejo.

Ato continuo, uma senhora idosa com o susto e barulho do avião, saiu correndo de dentro de seu casebre e fatalmente colidiu com a hélice de um dos motores que ainda estava girando, falecendo no local instantaneamente.

A tripulação saiu do avião com pequenos ferimentos, sem gravidade.

Não fosse a experiência e coragem do piloto o avião teria avançado em plena cidade de Guarulhos causando grande desastre.

Mesmo assim, ficou na memória de todos a espetacular apresentação da Esquadrilha da Fumaça comandada pelo lendário Comandante Braga

                              
Esquadrilha da fumaça com aviões Super Tucano da Embraer
com os melhores pilotos do mundo da
FORÇA AÉREA BRASIL !
Clique para ver vídeo

terça-feira, 29 de novembro de 2011

DOMINGO

Domingo sempre era dia especial, de passeios.. Meu pai pegava o seu Ford 1926, o fordeco, e íamos passear por toda a Base e o carro já estava famoso e por onde passava, todos queriam olhar e dar uma "voltinha".

BASP vista aérea

E o roteiro era passar pela Vila dos sargentos...

Vila dos Sargentos

... Vila dos Oficiais...

Vila dos Oficiais

... pela ladeira do Coronel...


Clique pra ver a ladeira


... pela lagoa da Base

Lagoa da Base


... em frente ao Rancho...

Rancho


e em direção ao Hangar duplo, do Esquadrão de Suprimentos e Manutenção (ESM)

Hangar duplo


 ... para entrar nos aviões NA-T6

Eu, dentro do avião, minha irmã Yára, meu pai e minha prima Sandra

Após este passeio, retornar para casa com o fordeco



À tarde, pegar a bicicleta e pedalar pelo sol, encontrando os amigos também com bicicletas, organizando "corridas", onde as meninas também com suas bicicletas participavam e no final, um passeio pela vila num burburinho alegre até o por do sol, onde marcávamos para a noite, um encontro de todos e o tempo ia passando até que a lua cheia bem no alto afirmava sua presença.

Naquelas noites claras de luar, com o persistente perfume da flor Dama da Noite, os vagalumes dançavam ao som de uma orquestra de centenas de grilos.

E olhando mais fundo naquele céu estrelado...sempre aparecia uma estrela cadente anunciando o fim do Domingo.


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

TEUS PASSOS JUNTO A MIM

Como me lembro de minha primeira Escola, Grupo Escolar Ribeiro de Barros, em Cumbica, dentro da Base Aérea de São Paulo.
Grupo Escolar Ribeiro de Barros

Nesta escola fiz o Jardim de Infância onde fui alfabetizado e fiz todo o primário, 1º ao 4º ano.

Minha primeira professora no 1º ano foi Dona Cristina, muito amável e eu adorava nas sextas feiras quando ela fazia uma leitura de uma história infantil, mostrando as gravuras da história muito coloridas.

Minha escola era totalmente construída em madeira, pintada de branco e quando andávamos, fazia o barulho de nossos passos e propositalmente, quando batia o sinal do recreio, saíamos correndo batendo os pés numa grande algazarra.

O sinal era batido com um sino de bronze que ecoava por toda volta da escola.

Modelo semelhante ao do Rancho

No recreio era distribuído o lanche que vinha do Rancho da Base num furgão e sempre que distribuía o lanche era o Taifeiro José Maria.

Todos meus amigos da Vila dos Sargentos estudavam nesta escola e íamos todos juntos a pé tanto na ida como na volta, pois não era distante da Vila.

No verão, após as aulas, cortávamos caminho passando pela represinha e muitas vezes mergulhávamos antes de ir para casa.

Represinha

Todos os anos, no final de ano havia festa de formatura da turma do 4º ano e a festa era realizada no cinema da BASP, que tem até hoje um belo palco para eventos.


Cinema da BASP (Cine Zé Carioca)

Os diplomas eram entregues pelos professores com chamada nominal

Lucélio Garcia

Como eu havia alcançado a maior média da escola, recebi meu diploma diretamente das mãos do meu pai

Meu pai Sgto Adalberto e eu (Edson)

Hoje, no lugar desta escola está localizado o Clube dos Oficiais da BASP e a escola se transferiu para um local fora da BASP, próximo ao Portão da Guarda.

Após a entrega dos diplomas, o Comandante da Base oferecia um almoço festivo no Rancho, com a presença de todos os formandos e familiares.

Rancho da BASP

E para o encerramento, a banda da Base tocava a música de adeus, cantada por todos os alunos:

Adeus amor eu vou partir,
Ouço ao longe um clarim...
Aonde eu for irei sentir
Os teu passos junto a mim.

Grupo Escolar Ribeiro de Barros - Cumbica - BASP

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Coisas dos meninos de Cumbica !!

Ahhhh!!...uma noite, retornando de passeio no Centro de São Paulo, toda a turma dos meninos de Cumbica presente no ônibus que fazia o leva-e-traz aos Domingos, próximo da época de Carnaval, vínhamos cantando várias marchinhas quando começamos esta...


" Ui..ui..ui..Roubaram a mulher do Rui, você pensa que fui eu, mas juro que não fui"

De repente, ouvimos um grito de um Sargento que estava no ônibus:
"Podem parar com esta bagunça já...não quero ouvir  esta música !!

O Cláudio perguntou:
"Desculpe, qual o nome do senhor?" e ele respondeu:
"Sargento Rui !"

Um silêncio pesado, mas logo começamos a cantar outra música de Carnaval...

"Tiraram o coração de minha sogra...botaram um coração de jacaré...sabe o que aconteceu??? a velha se mandou e o jacaré morreu""

Outro grito do Sargento Rui:
"Esta também não! Estou voltando de minha sogra que está mal do coração!"

Outro silêncio...

Então o João começou a cantar:

"Bandeira branca amor...não posso mais..."

Todos começamos a gargalhar, inclusive o Sargento Rui que acompanhou:

Clique para escutar

E em seguida numa algazarra cantamos bem alto...

"UI...UI...UI... ROUBARAM A MULHER DO RUI, VOCÊ PENSA QUE FUI EU, MAS JURO QUE NÃO FUI"

...e o retorno foi com muitas outras músicas:

"EU MATO...EU MATO...ROUBARAM MINHA CUECA PRA FAZER PANO DE PRATO"

..e pra finalizar, outra imperdível:

VOMITARAM EM MIM...
FOI MACARRÃO...
TINHA CEBOLA,
TINHA TOMATE,
E TRÊS CAROÇOS DE FEIJÃO !



BAH TCHÊ, TU FOSTE NOSSO HERÓI !

Em 1946 chegava em São Paulo, oriundo de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, com 19 anos, meu pai, Adalberto Nunes de Oliveira.


Seu objetivo era cursar a Escola Técnica de Aviação, ETAv, que se localizava no Bairro do Brás, bem na divisa com o Bairro da Mooca, curso de dois anos, para a formação de Sargento Especialista da Aeronáutica, Força Aérea Brasileira.

Escola Técnica de Aviação - ETAv
Onde hoje se localiza o Memorial do Imigrante - SP

Sua especialização foi Sistema Hidráulico (SH), área que dominou com muitos conhecimentos técnicos e teóricos

Colegas do curso de hidráulica da ETAv
Terceiro da esquerda p/ direita, no alto, o aluno Adalberto


A seriedade em seus estudos fez com que ele se formasse em primeiro lugar de sua turma, em 31 de Janeiro de 1948, recebendo do Comandante da ETAv como prêmio uma caneta de ouro.

Naquele período de escola, conheceu minha mãe, Guiomar, que teve a honra de colocar as divisas de Terceiro Sargento da FAB.

Como primeiro colocado, pode escolher sua primeira Base e escolheu a Base Aérea de Fortaleza-CE, sabendo que após algum tempo poderia ser transferido para Porto Alegre, o que realmente ocorreu, vindo servir na Base Aérea de Canoas-RS.
Devido a isto, casou-se com minha mãe no Civil e mudaram-se para Fortaleza

Guiomar Bartolo de Oliveira
31/01/1948 - festa de formatura da ETAv

Estação de trem da ETAv

Ficou para trás a escola, ETAv, mas jamais se esqueceu dela ficando em sua memória muitos momentos e imagens
O trem da ETAv

Fachada frontal da ETAV

O Relógio da Estação da ETAv

... e o bonde dos alunos para o centro

Em Fortaleza, seus amigos inseparáveis...

No alto, Sgto Jomar, Sgto Adalberto e Sgto Mabilde

Em Porto Alegre, Base Aérea de Canoas ficou por dois anos, época em que nasceu meu irmão, Milton, em 1950, sendo posteriormente, em 1953, transferido para a Base Aérea de São Paulo, BASP, Cumbica, ficando até entrar para a Reforma em 1973.

Em Cumbica, trabalhou no Esquadrão de Suprimentos e Manutenção (ESM) onde conquistou muitas amizades
Equipe completa do ESM, festa de final de ano 1959
(meu pai atrás do braço do violão)

Entrega do C-47 após revisão geral
(meu pai o quarto em baixo)

Como Suboficial, nomeado presidente do Cassino dos SO e Sargentos da BASP

Milhares de horas de voo, vários socorros de aeronaves da FAB, missão de socorro da maior enchente do Ceará nos anos 60 com salvamento de centenas de vidas. Várias medalhas por excelentes serviços prestados à FAB, fez deste herói, nosso pai:

Edson


Yára

Milton


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O calhambeque

Cumbica, Vila dos Sargentos, 1965

Certa vez, meu pai participou de uma equipe de resgate de um avião C-47 que havia descido em emergência numa fazenda na cidade de Pedreira, em São Paulo.

Após uma semana de árduos serviços de substituição de um dos motores em plena fazenda, ao término dos serviços, visitando a sede da fazenda, observou um Ford 1926 totalmente original, ainda com as rodas raiadas em madeira, e fez oferta de compra do carro ao proprietário que surpreendentemente aceitou.

Negócio fechado, meu pai providenciou o transporte do Ford por guincho particular até minha casa, em Cumbica.

Depois de todas as manutenções necessárias, o Ford funcionou perfeitamente após algumas "maniveladas" pois a partida do motor ainda era por manivela em frente do carro, girando-a até o motor funcionar.

Maravilha....tudo funcionou perfeitamente e até a buzina, aquele barulho que parecia um "jegue" maluco: "ahhuuhg" e o apelidamos de "Fordeco".

Meu pai, Sgto Adalberto, com seu Ford 1926

Quem se encantou com o  fordeco foi o Dique que ao escutar o barulho do motor "pipocado" entrava correndo no carro e não saia até dar um passeio ...

Dique, paixonado pelo Fordeco

...que , aliás, aos fins de semana, todos da vila dos Sargentos queriam dar uma volta neste maravilhoso carro, inclusive os parentes.

Neste carro, o acelerador era na mão, por uma alavanca. Os pedais eram três, sendo o da esquerda o freio de estacionamento, do meio a marcha ré e o da direita apertando era primeira marcha e soltando a segunda e última marcha e as marchas poderiam ser passada desacelerando totalmente o motor, com o carro quase parado.

Este carro fez muito sucesso em Cumbica até um dia ser vendido a um colecionador de São Paulo.



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ENSINO PÚBLICO, ÉTICA E LIBERDADE

E chegando perto do fim de ano, últimas provas escolares, exames, a turma se retirava um pouco para se preparar para esta última fase. A minha preocupação era com a língua francesa, que naquela época, 1969, era matéria reprobatória e minha sorte era que a Cristina Othechar ia muito bem nesta matéria e me ajudou neste reforço.

Os verbos desta língua é de matar e de uma quantidade infinita e a Cristina começou assim:

A língua Francesa, você já aprendeu um pouco sobre os verbos 'avoir' (ter) e 'être' (ser/estar).


Nous sommes la famille Toussaud.Nós somos a família Toussaud.
J'ai un bon mari.Eu tenho um bom marido.

Iremos agora ver com mais pormenor como estes dois importantes verbos são conjugados, ou seja, como se altera a sua terminação dependendo da pessoa em que são usados:


PessoaSingularPlural
1ª- je suis(eu sou/estou) - nous sommes (nós somos/estamos)
2ª- tu es (tu és/estás) - vous êtes (vós sois/estais)
3ª- il est (ele é/está) - ils sont (eles são/estão)


Memorize as formas do verbo 'être' (ser/estar), e em seguida observe o verbo 'avoir' (ter):


PessoaSingularPlural
1ª- j'ai (eu tenho) - nous avons (nós temos)
2ª- tu as (tu tens) - vous avez (vós tendes)
3ª- elle a (ela tem) - elles ont (elas têm)

Provavelmente você já reparou que usamos os pronomes 'elle' e 'elles' em vez de 'il' e 'ils' na tabela acima. Você pode traduzir 'il' e 'elle' directamente para 'ele' e 'ela'. Os pronomes 'ils' e 'elles' são as suas formas no plural, respectivamente. Eles são directamente análogos aos Portugueses 'eles (masculino)' e 'elas (feminino)'.

...e assim, claro, fiz uma excelente prova afastando este fantasma da língua francesa, méritos da Cristina.

Neste pequeno exemplo, pudemos observar como o ensino público naquele período era de muita qualidade e se não tivesse média anual mínima de 5, mesmo com as provas de "segunda época"(última chance), estava reprovado e mais, dois anos seguidos reprovado inapelavelmente estaria "jubilado" sendo obrigado a se transferir para uma escola particular podendo retornar para a escola estadual um ano depois, se houvesse vaga e com isto não poderíamos dar moleza nos estudos, diferente de hoje com a "promoção continuada", ou seja, aprovação direta mesmo sem média mínima.

Quando acabei o Colegial, passei direto no exame vestibular para engenharia sem fazer cursinho e isto ocorreu da mesma forma com meus amigos e amigas de Cumbica devido a excelência do ensino público, principalmente de nossa escola, Instituto de Educação Estadual Conselheirro Crispiniano, de Guarulhos.

Escola Estadual Conselheiro Crispiniano - Guarulhos

O respeito, a ética era uma forma democrática de se viver, pois o direito de cada um ia até começar o direito do próximo e o dever era indiscutivel. Da mesma forma a liberdade somente é plenamente exercida quando limitada pela ÉTICA, muito diferente de hoje, a forma debochada de se viver virou lei e pior ainda incrementada com a corrupção..

Hoje o Governo usa o Ensino Público para melhorar as estatísticas quando a ÉTICA seria o Governo usar as estatísticas para melhorar o Ensino Público.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ESCOLA ESTADUAL CONSELHEIRO CRISPINIANO DE GUARULHOS - ESCOLA MODELO

Numa atividade escolar, do Colégio Estadual Conselheiro Crispiniano, o trabalho determinado para todo o colégio, para a turma da 4ª série ginasial, turma de meu irmão Milton, era montar um aeromodelo, daqueles que se compra a madeira, papel japonês, cola, espátula, tintas e muitas outras coisas e a prova era que o aeromodelo teria de voar e ficar planando por mais de 3 minutos.


Comprado o material, a tarefa de montar passou a ser do Milton, com minha ajuda e a supervisão de meu pai.


Uma parafernalha, com muitas partes a serem recortadas, lixadas, fixadas com cola e acabada com papel japonês e para isto, a mesa da sala foi totalmente ocupada por alguns dias, com a planta de montagem sobre a mesa e aos pouco as partes do aeroplano iam tomando forma ...





... e finalmente, fixado o papel japonês, passando-se cola especial por todo o papel que aquecido a uma lâmpada, a folha ia ficando bem esticada e depois de alguns retoques e tinta, a nossa obra estava terminada e o interessante é que a asa era fixada à fuselagem com um elástico em "X".



Chegado o grande dia da "prova" que seria realizada no campo de futebol do Estádio Fioravante Iervolino em Guarulhos, todos nós da turma dos meninos de Cumbica que estavam matriculados nesta escola, fomos juntos de ônibus e descemos no centro de Guarulhos, seguindo o resto do caminho até ao estádio a pé.

No caminho, um incidente quase acaba com as pretensões do meu irmão quando ele inadvertidamente colocou a asa do aeromodelo entre minhas pernas e a ponta desta se separou. Graças a prevenção de meu pai, levamos cola para emergência, o que salvou a situação.

Um a um, os alunos iam colocando seus planadores pra voar sob o crivo do professor de Ciências que ia dando a nota para cada apresentação.

Chegando a vez do Milton, fixamos um barbante de aproximadamente 20 metros no gancho em baixo do aeromodelo, segurei pra ele no alto e com  o apito do professor, o Milton começou a correr contra o vento e o aeroplano subiu bem alto e soltou-se do barbante, planando maravilhosamente por muito tempo..., para alegria nossa...



... e principalmente para alegria do Milton.

Milton

Esta atividade escolar, fez com que um de nossos amigos, o Elinor Fernandes (Nonô), hoje médico, se tornasse Campeão Sul Amaricano de Aeromodelismo no Chile (1972), modalidade Planadores.