Folclore e alergia
Todos conhecem ou já ouviram falar dos malefícios provocados pelo contato com certas plantas nossas denominadas "aroeiras". Claro que sim. Mormente aqueles que apreciam a vida do campo e das fazendas e se deliciam em ouvir histórias dos nossos caboclos, muitas delas versando sobre o poder diabólico da "árvore má", ou "aroeira".
"A aroeira é temida por seus eflúvios, que excitam de tal maneira o sangue a algumas pessoas, em só passar por baixo dela ou mesmo só com o aproximar-se a ela, que adoecem de maneira alarmante. A uns põe em estado que os assemelha aos atacados de sarampo e a outros deixa-os turgidos e inchados."
"É muito curioso o efeito que sobre certas pessoas produzem os gases ou evaporações da aroeira. Há pessoas tão sensíveis a estes gases que bastam repousar ou trabalhar um pouco à sombra de uma árvore para ficar com o rosto e outras partes do corpo inflamadas. A pele fica vermelha e produz comichão; às vezes até aparece febre, que desaparece depois de dois ou três dias".
Pio Correia faz referência à crença popular sobre os malefícios causados quer pelas emanações, quer pelo contato da citada planta, cujos eflúvios diabólicos são capazes de perturbar as próprias bússolas!
Nos dias que correm, essas lendas e superstições ainda persistem, convindo recordar uma superstição bastante difundida entre os camponeses, não só do Brasil como de países vizinhos, e que consiste em personificar a "aroeira", de cuja ação maléfica acreditam ficar livres se, ao saudá-la, o façam ao contrário: se é de manhã dirão "Boa tarde, senhora aroeira", e se é de tarde "Bom dia, senhora aroeira".
Outra crença menos difundida é a de que, para passar incólume debaixo das aroeiras é necessário usar os sapatos trocados de pé.
Mas, com toda certeza, ainda se passarão alguns decênios até que essas idéias novas sejam aceitas e compreendidas pelos nossos caboclos, pois as explicações científicas das crenças costumam encontrar resistência na alma do povo. Provavelmente, os nossos descendentes ainda terão oportunidade de ver o nosso homem do campo de chapéu na mão fazendo a saudação paradoxal ao entardecer: "Bom dia, senhora aroeira".
(Mendes, Ernesto. "Folclore e alergia". Folha de São Paulo. São Paulo, 4 de setembro de 1960)
E é história que se confunde com a nossa história em Cumbica.
Lá no fim da Avenida 1, na Vila dos Sargentos, seguindo por uma estradinha em direção ao antigo portão 2, há um bosque com muitas árvores, algumas centenárias e numa destas enorme árvores lá no alto fizemos uma cabana de madeira que para subirmos nela montamos uma escada pregada no próprio tronco da árvore e lá de cima, usávamos cipós para irmos em outras árvores, ou mesmo para nos jogarmos nos emaranhados de cipós que formavam uma verdadeira rede logo abaixo da árvore.
Ocorre que para irmos para nossa árvore, no caminho havia uma árvore Aroeira que exigia muito respeito nosso e muitas vezes acabávamos contaminados por ela e o resultado era a forte alergia por intoxicação, portanto, para podermos passar, sempre a cumprimentávamos:
"Bom dia senhora Aroeira, permita nossa passagem" ..., mas ela sempre acabava deixando um de nós doente e o Milton era uma vítima constante e ficava com os braços cheio de feridas de tanto se coçar.
Claudio Garcia
Nós tinhamos uma Cabana em cima de uma gigantesca árvore no bosque dos Sargentos, e tínhamos que pedir licença a essa Aroeira que ficava no meio do caminho de acesso à Cabana...e para podermos passar e ficar ilesos das alergias, era um ritual (simpatia que nossas mães nos ensinaram) que tínhamos que fazer. Tínhamos que pedir permissão a Aroeira, pra não ficarmos empolados. rsrsrsr...e não é que dava certo!? Quem esquecesse de pedir permissão ficava todo empolado e cheio de coceiras!!
Mas o que importava era brincar, subir nas árvores, andar de cipós gritando igual ao Tarzan que sempre assistíamos no cinema da Base, Cine Zé Carioca, sem medo da Aroeira.