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domingo, 30 de setembro de 2012

A VINGANÇA DO JOÃO PARA O "PINÓIA"

Quem não lembra do "Pinóia"? Um menino desengonçado, com jeito caipira de falar pois sua origem devia ser do interior de São Paulo e o apelido dele, "Pinóia, era uma referência a esta forma de falar pois quando fazíamos alguma pergunta que ele não gostava:

--- Você é caipira ?
E ele respondia:
--- Caipira é uma pinóia.

Campinho "graminha"


Jogar futebol com o Pinóia na "graminha" era uma tristeza pois ele era especialista em mandar a bola bem pra longe, para os quintais das casas da AV 2 e sempre acertava algum lençol pendurado em algum varal e a marca da bola era a maior testemunha desta traquinagem e uma das maiores vítimas das marcas de bola nos lençóis era a mãe do João Alves, Dna Zélia, pois a casa dela ficava bem abaixo do campinho e sempre acabava deixando o João de castigo...


... e o Pinóia vivia rindo do João quando ficava de castigo.



Certa vez, não teve como o João não se vingar do Pinóia.

Depois de muita gozação pelo castigo, o João celou a sorte do Pinóia.

Pegou uma bola de futebol velha, retirou a câmara, e preencheu o espaço vazio com areia e pedras pequenas, costurando de volta o rasgo.

Pegou a bola e saiu com ela de baixo do braço e foi chamando a turma toda pra jogarmos futebol na graminha e o seguimos pela vila, na Av 2 quando apareceu o Pinóia logo gritando para o João:
--- Vai João..."sorta a bola pra nóis chutá". E o João continuava segurando a bola.

Av 2 - local que o pinóia chutou a bola


Depois de muita insistência do Pinóia, o João disse pra ele:
--- Tá bom !! corre lá na frente que eu jogo a bola e você vem correndo e chuta ela pra mim de volta.

Dito isto, o Pinóia correu  e já distante gritou para jogar a bola, e todos nós ficamos olhando, sem entender o que estava acontecendo.

O João jogou a bola rasteira com velocidade e gritou para ele chutar a bola de volta.

O Pinóia disparou em direção à bola e quando chegou, preparou um tremendo chute e quando acertou a bola, esta continuou seu caminho e o Pinóia literalmente voou para frente, caindo de barriga no chão e todos ficamos pasmos.

O João dando risadas levantou-o do chão e disse:

--- Não quero mais gozação tua. Aprendeu a lição?
Ele respondeu:
--- Aprendi uma pinóia.


Quando pegamos a bola, foi então que entendemos a traquinagem do João e desatamos a rir.

Não ia ter futebol naquele dia.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ACAMPAMENTO COM FORMIGAS - Por Lucélio Garcia


Todos os moleques haviam se preparado para um acampamento na serra, logo após a pista de aterrissagem da Base de Cumbica.



A turma estava alegre porque viram que acampar era uma coisa muito simples. Cada um arrumou o que podia para não faltar no dia marcado para o grande acampamento.
Edson falou com seu pai e pegou um grande pedaço de lona; os Drummond disseram que levariam algumas panelas para fazer comida(não sabiam fazer nada); o Marcos se gabava dizendo que ele é que entendia de acampamento e levaria algumas canas e laranjas para o pessoal comer; o Lucélio e Cláudio se prontificaram a levar uma lamparina e cobertor.




No dia marcado, subimos a serra, escolhemos um bom local e logo começou a escurecer, quando Marcos falou:
- Pessoal, estou com fome. Vou cortar alguns pedaços de cana para passar o tempo.
E todos então começaram a comer os pedaços de cana e laranja, jogando os bagaços ao redor do acampamento.




A noite veio bem escura e lá pela madrugada todos acordamos com um barulho de mato se mexendo, e levantamos gritando!



- Ei, quem está aí? Apareça se for homem!
Ninguém apareceu, começamos a ficar apavorados e o barulho aumentou...
Quando acendemos a luz do lampião, ficamos pasmos com a quantidade de formigas saúvas gigantescas, comendo os bagaços de cana jogados ao redor do acampamento. Era tanta formiga que mal dava para ver a diferença entre o chão e o mato. E elas começaram a entrar no acampamento.



De repente, o Marcos ficou tão apavorado que pegou uma lata com querosene e espalhou o líquido no mato e ateou fogo e o fogo se alastrou rapidamente, queimando tudo.
No final das contas, não conseguimos matar as formigas e ainda perdemos todo o querosene do lampião. Ficamos no escuro e tivemos que dormir em cima das árvores porque o chão ficou com aquele cheiro de formiga queimada...






segunda-feira, 17 de setembro de 2012

BAILE DO SACO


Um dia, passando lá pela casa do Wade, ele estava limpando a garagem, jogando coisas velhas no lixo, separando coisas ainda úteis das inúteis.

Casa do Wade à esquerda 

Intrigado, perguntei se ele estava surtado e ele dando uma risada marota disse:
--- Estou preparando uma surpresa para a turma...

Avisei a todos que o Wade estava um tanto estranho e retornamos à casa dele e a garagem já estava um brinco, bem limpa e ele disse:
--- Pessoal, está tudo pronto, vamos fazer um bailinho aqui na minha garagem no próximo Sábado. Avisem as meninas para prepararem tudo e o The Hards para trazer os instrumentos e convidem as meninas do Conselheiro Crispiniano (colégio) também. Será o "Baile do Saco", que acabei de inventar e não perguntem mais nada. Sábado vocês vão ver como é.

Não precisou muito para irmos às casas de toda a turma para comunicar e preparar a festa.

Todas as meninas ficaram animadas e iniciaram a preparação, com salgados e doces e os meninos comprando bebidas, coca-colas e Rum.

Durante a semana, no colégio, convidamos algumas meninas "más de famílias boas" e outras meninas "boas de famílias más".

Chegado o grande dia, depois do alvoroço da preparação, o The Hards bem ensaiado com ótimas seleções de músicas...

 vitrola testada por diversas vezes para não dar problemas e até um Rádio sintonizado na antiga Rádio Excelsior FM "A Máquina do Som", que no meio das músicas, de repente o volume abaixava e um locutor falava "EXCELSIOR" e em seguida o volume aumentava de novo, um charme do fim dos anos 60 e dos anos70.

Chegada a hora, todos chegando e os perfumes davam o tom da moda: Lancaster, Rastro, Fleur de Rocaille, Hora Íntima, Sandalo, Chanel nº 5, etc




As calças Lee "boca de sino" dominavam, anéis "BRUCUTÚ" dos esguichos dos fuscas em todas as meninas...

... e os que fumavam, consumiam o cigarro Minister ou Hollywood...


... e os meninos, todos com sapatos com saltos "carrapetas", cores fumaceadas e alguns com chapinhas cromadas nas pontas.

E a surpresa do Wade começou...

Cada menino que chegava recebia um saco de estopa e foi explicado que para convidar alguma menina para dançar, teria que mostrar o saco e ao começar a dançar, teriam que vestir o saco por cima, ficando os dois dentro do saco.

No começo, nenhum menino se atreveu a colocar o saco, porém as meninas convidadas que vieram de Guarulhos adoraram a ideia e logo aderiram ao saco e as músicas iam tocando e os pares dançando dentro dos sacos, num calor terrível !!!

As meninas de Cumbica ficaram muito bravas. Começaram a negar todas as danças e com o tempo foram se retirando do baile até ficarem somente as meninas convidadas e o baile se desenrolou "muito quente".


O resultado disso foi que as meninas deram um castigo a todos os meninos "gelando" a amizade por um mês sem qualquer tipo de conversa e bailes e o Wade se acabava em gargalhadas pela situação.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

HISTÓRIAS DE NOSSOS PAIS II - B-25 SUPER MACONHA

B-25  J  5097   antes da pintura

Na Base Aérea de Natal, há alguns anos, fizeram a reforma de um B-25, transformando-o pra transporte de cargas e passageiros.

Para esta transformação, eliminaram todas as armas do avião, inclusive o porta bombas, modificando a fuselagem.

Com a modificação o B-25 passou a ter um performance espetacular, com aumento da velocidade e economia de combustível e com isto, batizaram o avião como o "Maconha".

O sucesso desta aeronave foi tão grande que resolveram fazer a modificação em outra aeronave B-25 e além da transformação da fuselagem, efetuaram a modernização da cabine e todos os instrumentos e, devido ao ótimo resultado, este foi batizado de "Super Maconha".

O fato é que na última hora da reforma descobriram que não havia tinta para pintar o avião no padrão da FAB. Muitas tentativas e a tinta não chegava e para não deixar o avião estocado, o comandante da Base Aérea de Natal resolveu pintar o B-25 com as tintas que haviam, sendo elas o verde, amarelo, azul, branco e preto.

Feito isto, o avião ficou parecendo uma perfeita Bandeira Brasileira, só que bem esquisitão.




Logo na primeira missão da aeronave, esta teve que se deslocar para o Rio de Janeiro e quando lá chegou, o Brigadeiro da Base soube deste avião e foi verificar a "obra".


O Brigadeiro ficou tão indignado ao ver o B-25 com aquelas cores e mandou prender toda a tripulação.

Após saber dos problemas de Natal quanto a tinta, recolheu o B-25 e mandou imediatamente repintá-lo no padrão da FAB, liberando a tripulação do castigo.


clique a mate a saudade do B-25


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

HISTÓRIAS DE NOSSOS PAIS - AVIÃO BOMBARDEIRO B-25 MARIA BOA


Um caso Pitoresco na Pintura dos Aviões 

A 23 de novembro de 1950, foi divulgada uma ordem do Comando da 2a Zona Aérea, estabelecendo cores padrões para os anéis de velocidade dos motores dos B-25; assim, para as aeronaves da Base Aérea de Salvador os anéis eram pintados com a cor verde.  Os aviões de Recife, com a cor vermelha, e os de Fortaleza, com a cor azul.

 Para a Base de Natal foi convencionada a cor amarela.

Além da pintura do anel de velocidade do motor, o Ten Av Rivaldo Gusmão de Oliveira Lima que prestava serviços na manutenção, imaginou também que os B-25 deviam ter pintados no nariz do avião, no lado esquerdo da fuselagem junto ao número de matricula, desenhos artísticos de mulheres em trajes de praia.

     Conseguida a autorização do Parque de Aeronáutica de São Paulo, onde comumente eram feitas as revisões maiores dos B-25, a idéia foi levada adiante. Não faltou pintor para tal trabalho e, em poucas semanas, os B-25 de Natal surgiram na pista com figuras caprichosas de louras e morenas, alguns até com nomes de mulheres.

 Na cidade existia (e ainda existe) uma "boite" conhecida popularmente como a "Casa de Maria Boa", e sempre se propalou como sendo a melhor da cidade...

Não havia quem, visitando a cidade pela primeira vez, não deixasse de comparecer ao tão decantado cabaré.

Alguns tenentes da Base tiveram então a idéia de escolher um B-25, cujo desenho se aproximava mais da "Maria Boa", e o preferido foi o B-25 5079, que foi logo batizado com o nome da proprietária da boite.

A princípio, muitos se espantaram com a inusitada sugestão, mas logo se acostumaram com a novidade... Outras aeronaves receberam nomes também; lembro-me do "Amigo da Onça" (B-25 5059) e a "Nega Maluca" (B-25 5061).

   Somente quem não acreditou no fato foi a "proprietária" da boite.  Então, os mesmos Tenentes colocaram-na num automóvel e levaram-na até à linha de estacionamento dos B-25, o que foi feito após o horário do jantar para que a presença da "homenageada" não despertasse a atenção dos curiosos.

Maria Boa

 Diz o " Netão ", que se encontrava em serviço na ocasião  que a visitante chegou às lágrimas, visivelmente emocionada, ao constatar que a rapaziada não lhe havia mentido; à sua frente, pintada ao lado do número 5079, refletia sob o clarão dos holofotes do hangar, a inscrição "Maria Boa" ...

 E assim, durante muitos meses, a "Maria Boa" foi uma assídua freqüentadora da aerovia Verde-Um...




quinta-feira, 6 de setembro de 2012

E TUDO COMEÇOU ASSIM

clique para assistir

... e hoje continuamos amigos, velhos amigos, com a mesma alegria daqueles tempos que não voltam mais, mas que jamais se vão em nossos corações. 

clique para assistir

E novo encontro dos MENINOS E MENINAS DE CUMBICA está programado para o dia 9 de março de 2013, no Restaurante CIA DOS ESPETINHOS, em Guarulhos, centro, na Rua Tapajós, 56

É necessária a confirmação da presença no grupo do facebook "meninos e meninas de cumbica", em EVENTOS.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

TRAQUINICES COM GARRAFAS

Portão da Guarda da BASP

Lá em Cumbica, na Base Aérea, as coisas sempre aconteciam em grupo, quando a turma se reunia num bate papo informal ou de acordo com a manifestação da natureza: muito sol significava todos na represinha; tempo carregado ou chuvoso, todos no Cassino dos Sargentos pra jogar sinuca; muito vento, fazer pipas; fim de semana chegando, fazer "bailinho" em alguma garagem.

Sempre estávamos criando alguma atividade ou traquinices e nossa criatividade não tinha limites:
. futebol, futsal, vôlei, queimada

Antiga quadra de vôlei, Av 1

. corrida de carrinho de rolimãs
. pegar colmeias de abelhas
. andar de cavalo ("caçados" nas cercanias da Base)
. pegar frutas pela Base e nas Vilas: gabiroba, caqui, abacate, ameixa, pêssego, maracujá, etc
. jogar pião
. guerra de pipas
. briga de galos
Lucélio e seu galo de briga

. jogar taco (tipo basebol)
. guerra de mamonas no cinema da Base
. campeonatos inusitados:
 pum mais alto, mais fedido ou significando alguma palavra ou nome
 rastro de urina mais comprido numa disputa lado a lado numa rua
 arroto mais sonoro ou mais cumprido

Mas uma traquinice não acabou bem.

O João veio com a notícia que na padaria fora da Base estavam comprando garrafas vazias e garrafas de refrigerantes ou cervejas o valor era maior e com este dinheiro arrecadado poderíamos comprar papel, cola e barbante para fazer pipas, ou comprar pião, ou até mesmo comprar doces ou hot dog no Cassino dos Sargentos.

No começo, fomos procurando garrafas vazias em nossas casas, no mato, no bosque dos Sargentos onde sempre ocorria alguma festa ou churrasco e com elas, enchíamos algumas sacola, as vendíamos na padaria e  já comprávamos o papel para as pipas, colas e piões e bebíamos o refrigerante cerejinha que só havia na BASP.

Cerejinha

Como naturalmente as garrafas começaram a escassear, alguns traquinas resolveram "atacar" as caixas de engradados que eram normalmente guardadas atrás das casas dos vizinhos e claro, a situação ficou preta para todos com as reclamações dos vizinhos, pois todos estávamos procurando garrafas e, portanto, todos fomos acusados.



Situação esclarecida, as garrafas "surrupiadas" foram repostas e todos nós, sem exceção, fomos castigados sem podermos ir ao cinema, jogar futebol ou sair nas ruas da vila por um mês, sem contar os "sopapos" e puxões de orelhas, pois nenhum acusou quem era o traquina que surrupiava as garrafas.

Terminados os castigos, nos reunimos e combinamos que não mais iríamos pegar ou vender garrafas e para celebrar o combinado, fomos pegar alguns pêssegos na árvore do Sargento Machado e, lógico, saímos correndo para não levarmos vassouradas da esposa dele, sem contar também, os caquis que pegávamos na árvore do jardim do Major Ávila, que quase sempre estavam verdes e grudavam na boca !!!


Por acaso você tem garrafas guardadas em casa?