Total de visualizações de página

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A CUECA DO CLÁUDIO

Naqueles maravilhosos anos 60 e 70 na Base Aérea de São Paulo, em Cumbica, nossa turma de meninos e meninas sempre estava se reunindo para acampamentos, pescas, futsal, volei, bailinhos e natação.

Ocorre que dentro da Base não havia um clube, portanto não havia piscina e, quando permitido pelo comando, íamos nadar na lagoa que fica bem no início da ladeira com destino às vilas dos oficiais e sargentos, mas normalmente nadar nesta lagoa era proibido por não haver disponibilidade de salva-vida para tomar conta da meninada.

Lagoa da BASP

Para resolvermos este problema, ou nadávamos nas águas do Rio Baquirivu nas cercanias da BASP ou na represinha, um local escondido nas matas bem próximo na vila dos oficiais.

Represinha

Acontece que nossos pais ficavam temerosos que nós fôssemos nadar na represinha e nos proibiram. 

Mas jamais poderíamos deixar nosso recanto de lado e sempre que podíamos, estávamos na represinha na maior algazarra.

Um dia, o Cláudio disse que o pai dele ameaçou de dar-lhe um belo corretivo se voltasse a nadar na represinha e devido a isso ia tentar descobrir uma forma de continuar indo.

Cláudio, do meio

Não demorou muito e o Cláudio já tinha uma solução: levar uma cueca sobressalente para evitar de retornar com a calça molhada, pois todos nadávamos de cuecas e quando vestíamos calção ou bermuda por cima, o molhado na roupa logo nos acusava do "delito" e, para não precisar toda hora levar uma cueca, ele deixava sempre a cueca molhada escondida em baixo de uma árvore Pitangueira.

E um dia, o Cláudio disse que o pai dele havia sido transferido de Cumbica para o Rio de Janeiro e em pouco tempo se mudaram. E foi triste para todos nós ver aquela casa vazia.

Casa do Cláudio

O tempo passou, 43 anos, e o Cláudio não se esquece da Represinha e nem da cueca que deixou em baixo da raiz da Pitangueira e num pedido solene disse:

Cláudio Garcia: Edson, se você for no sábado lá em Cumbica, aproveite para dar uma passadinha na nossa represinha, me fazendo um favor...dá uma olhada lá em baixo de uma pitangueira, tem um pé de gabiroba que eu usava como esconderijo...pra ver se você acha a minha cueca lá...tem mais de 40 anos que a escondi lá... Será que está lá ainda? Abração!


Não era possível negar um pedido deste, de sonho de criança que jamais se acaba, e fui. 

Entrando na mata, localizei a represinha que apesar da mata fechada, demonstrando que há muitos anos aquele recanto não era frequentado, encontrei a Pitangueira e depois de muito cavocar aquelas folhas que se acumulam por anos ao pé da árvore, uma imagem do túnel do tempo...

                                    

... lá estava pacientemente a cueca do Cláudio aguardando por muitos anos o retorno daquela criança feliz para mais uma vez mergulhar nas águas de nossa represinha 





terça-feira, 2 de outubro de 2012

OS OTHECHAR

... e num belo dia dos anos 60, apareceu ele, com físico avantajado, cabelos castanhos escuro, um topete que dava inveja ao Élvis Presley e um sotaque que não deixava a menor dúvida, "uai sô".


--- Ei, qual é teu nome?
--- Ricardo, uai ! Sou filho do SO Alberto. "Chegamis"de Lagoa Santa, lá de "Minis", uma cidade "pertim" de Belô. Tenho três irmãos, um "minim" e duas "minins" e logo deve chegar outro "minim", porque mineiro que tem cinco filhos é considerado tudo filho único, rá rá rá ! Meu irmão é o Alexandre e minhas irmãs, a mais velha é a Cristina e a menor é a Denise. Eu torço pro Galo (Atlético Mineiro) e meu irmão pra Raposa (Cruzeiro). Minha mãe é Dona Eneida, uma fera!! rá rá rá ! Estamos morando nas casas novas da Av 3.

Casa dos Othechar


O Ricardo, no nosso time de futsal, o Ícaro, era o nosso principal jogador de defesa, pois ou passava a bola ou o jogador, nunca os dois juntos e dono de uma possante canhota que colocava o goleiro adversário dentro do gol junto com a bola. Terrível era os "carrinhos" que dava para desarmar a bola do atacante adversário, fazendo sua vítima "voar" sempre pra fora da quadra e falava: < FUI NA BOLA !!! > .O Ricardo gostava de comer de tudo, principalmente os sanduíches preparados pela Dna Eneida e ele falava <"trem bão sô" > e nós ficávamos todos com água na boca.


O difícil era a turma conseguir ficar sentada na Kombi do SO Alberto quando o Ricardo dirigia, pois ele de propósito não desviava dos buracos e vivíamos dando cabeçadas no teto da Kombi.

Ah!! e o Alexandre ?! nunca vi aquele moleque com cara triste, estava sempre aprontando alguma coisa, sempre pronto pra qualquer traquinagem, o primeiro a querer nadar no areial ou represinha, mesmo com a proibição do paizão SO Alberto. Dizem que ele arrumou um "bico" pra vender doces na bomboniere do cinema da Base só pra assistir aos filmes proibidos e a verdade é que sempre no dia seguinte ao filme, ele contava com os olhos arregalados tudo o que viu e o resto da turma ficava "babando".

Alexandre com seu irmão Fábio

E a Denise não desgrudava da turma dela, indo à escola juntas, festas e até na primeira Comunhão
Deise, Tânia, Denise e Tânia Valéria

A Cristina, uma bela moça, estudiosa e adorava "torrar" na piscina do Clube dos Sargentos. Adorava ensinar "francês", matéria que dominava bem no Colégio Conselheiro Crispiniano.

O Fábio, nascido em Cumbica, ainda nenê já dominava toda a família. 
Alexandre, uma amiga, SO Alberto e Denise

E a grande chefe da família sempre foi a Dona Eneida, que colocava a todos no"trilho", pelo bem ou por umas belas palmadas! Mas que a comida mineira feita por ela era deliciosa, não há nenhuma sombra de dúvida, principalmente o "leitãozim à pururuca", que deixava os "minins" malucos.

Cristina e Dona Eneida
Alexandre
Denise
Ricardo

Uma feliz família dos Meninos e Meninas de Cumbica