Total de visualizações de página

domingo, 14 de julho de 2013

DIA 19 DE OUTUBRO DE 2013 - ENCONTRO NA CIA DOS ESPETINHOS EM GUARULHOS

Mas, meus amigos, este foi um passeio pelo tempo, um tempo feliz, onde a criança brincou, subiu ao telhado da casa, juntou amigos e amigas, cresceu encontrou sua juventude também feliz, com estudos, muita leitura, uma vida até então em total interação com a natureza.

Um tempo em que viver dentro de uma Base Aérea, um quartel militar da Aeronáutica, para muitos seria um castigo mas na verdade foi um privilégio, uma bênção.



Lá na Base Aérea de São Paulo, fizemos amigos eternos, de mais de 50 anos, desde os idos 1957 e hoje nos reencontramos, todos com suas vidas feitas, porém jamais esquecendo que um dia vivemos num paraíso onde brincar era ter contato com a terra, com o sol, a chuva com suas corredeiras, jogar futebol e as meninas brincando de rodas, amarelinha, bonecas e bicicletas.



Impossível esquecer o cine Zé Carioca, o Cassino dos Sargentos e dos Oficiais, as mesas de sinuca, as quadras de futsal e vôlei, a capelinha, nossas casas, os bailinhos nas garagens, os bailes da Semana da Asa, os voos nos helicópteros, nos B-25, Albatroz, NA T-6, Douglas C-47.



Impossível também esquecer o Rancho, os Clubes dos Oficiais e o dos Sargentos, a represinha, lagoa, a ladeira do Coronel, os bosques, as matas, as frutas silvestres, as cobras e insetos, os gambás...

Como poderia esquecer os primeiros encantos, paixões e os amigos?

O tempo passou, mas o eco das risadas permanecem eternos, os sorrisos, as lágrimas, as falas e sotaques e o que é eterno petrifica o tempo num ponto de luz infinito.



Alguns amigos se foram antecipadamente para as estrelas, entre eles o Wade, Adelmo, Tânia, Ivo, Sérgio, Zeca, Décio, Dom Pepino e recentemente a Mercedes e o Adelson. Estes amigos transformados em estrelas, iluminam nossos caminhos para o reencontro no céu em grande festa.



A saudade é o combustível que alimenta o amor e a amizade.

Novos encontros vamos realizar, e o próximo está marcado para o dia 19 de outubro de 2013, em Guarulhos, na Cia dos Espetinhos. Mais um dia de festa onde reencontraremos o eco das vozes amigas, as brincadeiras de juventude, as músicas de nossa época e os olhos que nunca negaram um sorriso.




Não podemos perder esta oportunidade que nos é oferecida como uma bênção.

Te aguardo lá meu amigo e minha amiga de Cumbica, pois querendo ou não, sempre seremos os meninos e meninas de Cumbica.




quarta-feira, 5 de junho de 2013

DEVO UM CINTO PRO BECO !

Ah!!! como se fosse hoje.

Lá pelos idos 1976, eu e o Beco ( o mesmo que eu "emprestava" a bicicletinha na minha infância) estávamos cursando Engenharia Mecânica em Mogi das Cruzes, há 54 km de Guarulhos. nesta época, eu já residia em Guarulhos e o Beco, ainda dentro da Base Aérea, em Cumbica.

De segunda a sexta, no horário das 19:00 às 23:00 hs e aos sábado, no horário das 07:00 às 19:00 hs, uma verdadeira pedreira.

Todos os dias, pegando a rodovia Via Presidente Dutra até Arujá e, de lá, a rodovia Mogi/Dutra, que passa por uma pequena serra...
Mogi/Dutra trecho da serra

 porém com muito nevoeiro, principalmente no inverno. Estrada esta que ceifou muitas vidas de colegas nossos em acidentes absurdos devido a escuridão total da estrada, aliado ao  intenso nevoeiro.

Nevoeiro comum na Mogi/Dutra

Certa noite, retornado da Faculdade, lá pelas 23:30 horas, já na estrada, num nevoeiro que parecia mais uma cortina de algodão grosso, de repente, vejo no acostamento na estrada um vulto pulando e mexendo os braços pedindo ajuda. Parei o meu carro, que na época era um karmann-ghia 64, vermelho com capota branca.



Dei ré e fiquei com os faróis acesos atrás do outro carro, um VW, que estava com o capo do motor aberto.

A neblina forte quase não permitia ver o carro da frente.

Quando saí do meu carro...imaginem....meu amigo Beco, que foi dizendo:
--- Puxa vida Edson, que sorte...ninguém para quando peço socorro .

Beco

E o Beco explicou que havia quebrado a correia do alternador, acendendo a luz do óleo e isto, se continuasse, iria fundir o motor.
Com os faróis do meu carro aceso, vimos que a correia ao quebrar se perdeu pela estrada.


 correia do motor que quebrou-se

Precisávamos de uma solução urgente, pois o carro não poderia ficar naquele local ermo a noite inteira, pois  poderia acontecer um acidente devido a neblina e a escuridão, ou roubarem o carro.

O que tínhamos em mãos:
- Alicate
- canivete
- Chave de fenda
- Martelo
- Clipes de papel grande
e.... ah!!!!! maravilha !!!
- o cinto da calça do Beco

Não deu outra, pedi e o Beco tirou o cinto e eu disse que teríamos que arrancar a fivela, pois ela não passaria pelas canaletas das polias do motor. Sem problemas...queríamos sair de lá.

Cortei a fivela, passei o cinto pelas polias, medi uma posição, perfurei o cinto nas duas pontas e passei o clipe pelo furo, torcendo-o bem forte com o alicate, unindo as pontas e deixando bem fixado nas canaletas.

--- Beco!! dá a partida sem acelerar e se apagar a luz do óleo, vai indo devagar que te sigo até Cumbica.

Carai véi!!!!! deu certo!! e o Beco foi em frente e juntos, eu com meu carro atrás, fomos devagar até o Portão da Guarda da Base Aérea, pois lá, ele já estava seguro em casa.

O problema é que devo um cinto pro Beco até hoje, mas com minha consciência em paz para continuar andando com a bicicletinha do Beco.




quinta-feira, 2 de maio de 2013

OLHA A CARROCINHA !!!!

Como sempre, num sábado ensolarado, toda turma jogando futebol no campão, um campo lá no final das Av 2  e Av 3, de terra batida, com traves de tronco de árvores, com as marcas de área e divisória do campo marcadas com nossos pés, num risco que com a disputa dom jogo iam sumindo, mas por um milagre qualquer a gente nunca as perdíamos de vista.

O campão lá em baixo, hoje totalmente gramado e com algumas árvores

Quase todos os dias, no final das tardes ensolaradas vinham as tempestades, com muita chuva e ráios, e nem por isto a partida de futebol parava.


A lama ia se formando, poças de água e nós pulando sobre elas e se atirando de barriga, ficando todos irreconhecíveis de tanta lama pelo corpo.


E numa trade desta, todos bem enlameados, de repente chega alguém gritando:
< A CARROCINHA ESTÁ NA VILA...CORREM...VÃO PEGAR NOSSOS CACHORROS>

Num piscar de olhos, saímos todos correndo em busca de nossos cachorros e vimos a "carrocinha" passando pela Av 1 com os laçadores correndo à frente dela e atrás de alguns cachorros.


Numa gritaria geral, moleques enlameados, meninas, mães, todos chamando seus cachorros.

Quando a carrocinha chegou na Av 2, bem perto do campão, todos os meninos ficaram à frente do veículo sem que ele pudesse continuar a caçada.
Os homens chegaram perto pedindo que saíssemos da frente e nós irredutíveis dissemos que só sairíamos se eles soltassem nossos cachorros, pois o Pitoco, companheiro da Lina já estava lá dentro.

A discussão foi acalorando e nós completamente enlameados fomos chegando cada vez mais perto dos homens, cercando-os, de tal forma que eles preocupados acabaram soltando o Pitoco e com isto, todos os outros animais também pularam e saíram correndo e nós, junto com eles.

A carrocinha continuou seu caminho e nós juntos espantando todos os cachorros que apareciam e eles não tiveram escolha e desistiram da caçada.

A lama secando em nossas roupas e cabelos já estavam ficando duros e voltamos todos correndo para o campão e lá festejamos nossa vitória ...


...e para a alegria de nossos cachorros.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

ALISTAMENTO MILITAR

Vixe !!! completei 17 anos, 1969, não tinha como escapar...

Meu pai foi categórico:
SO Adalberto

< NÃO ESQUEÇA DE FAZER O ALISTAMENTO PARA O SERVIÇO MILITAR. VÁ AMANHÃ AO LADO DO PORTÃO DA GUARDA E SE ALISTE.>


Local do alistamento..na porta com o toldo azul à direita

Ordem é ordem, mesmo ainda eu não ser recruta e lá fui no dia seguinte bem cedo para me alistar, levando minha carteira de identidade e duas fotos 3x4  preto e branco.

O Sargento de dia era nada menos que nosso amigo de futsal, o Sgto Diógenes que em gargalhadas logo foi dizendo:

< kkkk  AGORA VOCÊ ESTÁ FERRADO. VAI AMARGAR AS PORRADAS DADAS NO FUTEBOL DE SALÃO. EU MESMO VOU TE SEGUIR kkkkkkk >

Sgto Diógenes 4º em pé...eu, último em pé à direita

Num sorriso bem azedo, quase pedindo socorro, fiz o alistamento e o próprio Sgto Diógenes fez questão de entregar toda a papelada para eu preencher, conferir e me entregar o certificado de alistamento e disse também gargalhando:

< VAMOS JOGAR FUTEBOL DE SALÃO HOJE??? >

Respondi bem baixinho: < nem morto >

E ele quase engasgou de tanto rir.

Voltei para a Vila dos Sargentos desolado, perdido, querendo fugir do Brasil e tinha que me apresentar no mesmo local em março de 1970.

Contei ao meu pai e ele também quase chorou de tanto rir e disse:
< É ISTO MESMO. AGORA VOCÊ TEM QUE OBEDECER SEM TORCER O NARIZ, VOU PARABENIZAR O DIÓGENES>

Nisto eu pensei..." tô fu...futebol nem pensar, porque se eu for jogar, eu arrebento ele "

Ficou só no pensamento, porque em vários jogos nada aconteceu e continuei jogando firme, ou seja, ou o Diógenes passava por mim, ou a bola. Jamais os dois.

O tempo passou e chegou o dia de me apresentar.

Muitos alistados todos juntos na frente do portão dentro da BASP.

Que azar!!! Lá estava outra vez o Diógenes como Sargento de Dia e ele olhou pra mim e num sorriso maligno gritou:
< TODOS JUNTOS, EM FORMAÇÃO DE QUATRO FILAS, AGORA!!!! JÁ!!! VAMOS!!! NÃO TEMOS O DIA INTEIRO SÓ PRA JUNTAR MARMANJOS !!! VAMOS !!! JÁ!! QUEREM QUE EU CHAME A MAMÃE PRA VOCÊS ENTENDEREM?? VAMOS??>>

Fizemos a formação na medida do possível e começamos a andar em direção ao Hospital da Base para exames médico. Eu devia estar branco transparente. Quase não respirava. E seguia na minha fila escutando os passos...e o Sgto Diógenes lá na frente gritava:
< VAMOS MAIS RÁPIDO!! BANDO DE BABACAS MOLENGAS !! AGORA ACABOU A MOLEZA...AGORA VOCÊS VÃO APRENDER A SER HOMENS...E NÃO QUERO OUVIR UM PIO SEQUER...TODOS CALADOS !!!>


Avenida em frente ao Portão da Guarda em direção ao Hospital

Passamos em frente da Escola Preparatória de Oficiais da Aeronáutica (EAOAR) onde estava a minha biblioteca...

EAOAR

... mais a frente, passamos pelo Cassino dos Sub Oficiais e Sargentos e vi a nossa quadra de futsal maravilhosa e lembrei das pancadas que dei no Sgto Diógenes e disse para mim mesmo < EU DEVIA É TER QUEBRADO ELE>.... e logo subimos em direção ao Hospital.


Cassino dos SO e Sargentos e a quadra de futsal

Lá chegando, paramos numa porta lateral do Hospital e lá estava estacionado um ônibus com o logotipo ao lado " COLSAN" (coleta de sangue).



Pensei...< pronto...chegamos ao matadouro, vai jorrar sangue pra todo lado>

O Sgto Diógenes gritou:
<SEPAREM-SE EM GRUPO DE DEZ E VÃO ENTRANDO. LÁ DENTRO, TIREM TODA A ROUPA...EU DISSE TODA...QUEM FICAR DE CUECA E ARRANCO ELA PELA CABEÇA...JÁ...VAMOS!!! ENTRANDO !!! VÃO TIRANDO A ROUPA.

Entrei e fui logo tirando minha roupa e ficamos um ao lado do outro esperando o médico que ao chegar com um enfermeiro de lado foi dizendo < DÊEM O NOME UM POR VEZ PARA O ENFERMEIRO PEGAR A FICHA> e assim o fizemos sem sair da formação.

Aí o médico disse:
<TODOS ASSOPREM COM FORÇA NO PUNHO E SEGUREM>
O enfermeiro passou um por um  verificando se havia alguma anormalidade.

<AGORA APERTEM O PÊNIS PRO ENFERMEIRO VER>
Que vergonha !!!

Depois, um a um foi auscultado os pulmões e coração, além de verificar estado geral do corpo quanto a deformidades, cicatrizes e pé (pé chato é dispensado).

Após esta aprovação...o Sgto Diógenes gritou:
< UM POR UM, EM FILA INDIANA PARA O ÔNIBUS DOAR SANGUE>

Pra que!!...alguns já desmaiaram antes de entrar no ônibus.
Eu segui, gelado, com os olhos arregalados, andando que nem um zumbi, deitei na maca e vi aquela maldita agulha perfurando meu braço e tirando até a última gota de sangue existente em meu corpo.

Levantei da maca e a sensação foi de que eu havia tomado um litro de pinga, pois estava com uma "tonteira" violenta. Fui levado pra fora do ônibus e me deram um copo de laranjada super doce.

Em seguida o Sgto Diógenes me chamou e disse:
< TUDO BEM??? FICA TRANQUILO QUE AINDA NEM COMEÇOU A FESTA. VÁ LÁ PARA DENTRO FALAR COM O MÉDICO>

Fui ao médico tremendo que nem vara verde e ele me disse:
< VÁ EMBORA QUE VOCÊ ESTÁ DISPENSADO; O DIÓGENES JÁ ME AVISOU>

Fui saindo bem devagar do Hospital e lá fora o Diógenes me chamou gargalhando me deu um abraço e disse:
< FALA PRO TEU PAI QUE FIZ TUDO DIREITINHO... A GENTE SE ENCONTRA NA QUADRA DE FUTSAL, TCHAU AMIGO>

Caramba...estava tudo ajeitado para eu sofrer...uma bela pegadinha...mas saí de lá o mais rápido possível e perto da Vila, saí correndo...voando...e entrei em casa aos berros na maior alegria, pois estava livre...dispensado do serviço militar obrigatório.

Minha casa, nr 222

Quando meu pai chegou á tarde...me deu um abraço e disse:
<AGORA, EDSON...DÁ TUDO DE SI NOS ESTUDOS>

E assim foi.




sexta-feira, 5 de abril de 2013

O SEGREDO DA REPRESINHA


E, com o outono, sabíamos que era época de frutas e nesta época ficávamos de "olho" nas árvores de abacates, pêssegos, caquis, nos pés de maracujás, manga do mato, goiabas e muitas outras muito comuns em Cumbica.

abacateiros atrás das casas


As árvores da Vila dos Sargentos já estavam muito bem vigiadas e para conseguir alguma fruta, somente com artimanhas ou truques, por exemplo chutando a bola para o quintal visado e ao pegar a bola, surrupiar algum pêssego e mesmo assim ter que fugir correndo de algum "cabo de vassoura " que logo vinha acudir a pessegueira.

árvores frutíferas abaixo da quadra de volei

Mas a melhor maneira mesmo era irmos todos ao local de tratamento de água da BASP, com aquelas enormes piscinas fedorentas, porém com muitas árvores de frutas em volta.

Lá, poderíamos sem qualquer susto subir nas goiabeiras e degustar aquelas suculentas goiabas vermelhas e após, carregar nossas camisas com limões, retirados de muitos limoeiros do local.

Cumbica 1958 

No caminho de volta, pela Ladeira do Sacy, toda a molecada junto descascando limões e chupando. O azedo do limão aos pouco iam se transformando em doce, um milagre, que na verdade era a saliva que ficava com a sensação adocicada.

A chegar em casa, carregado de limões que logo iriam virar limonadas, minha mãe ao questionar de onde vinham os limões, era difícil falar por causa do azedo que contraía nosso rosto e boca.

Descarregado dos limões, já nos agrupávamos para tentar os abacateiros da Vila, que eram mais difícil de colher devido a altura destes, mas o João Alves era bem treinado em subir em árvores e fazia a coleta jogando os abacates lá de cima.

Também nesta época do ano, a fauna de Cumbica estava em plena atividade e exuberante, pois os animais nascidos no verão já estavam aprendendo ou mesmo em plena caça de sobrevivência e nisto era comum deparamos com as cobras coral e cascavel tentando caçar os passarinhos, sapos ou preás; os gambás buscando frutas nas árvores, gaviões atacando em pleno voo os canários da terra distraídos; grandes lagartos correndo atrás das cobras; pássaros de diversas cores atacando os insetos voadores e assim a vida seguia com toda a sua magia de equilíbrio.

Com o Sol ainda forte, esquentando aquelas tardes de Cumbica, um convite para mergulhar na nossa represinha era imperdível. e lá íamos nós em fila indiana pelas matas até chegar naquelas abençoadas águas que nunca secaram e o segredo da nascente era que ela jurou jamais secar enquanto ainda houvesse um menino de Cumbica na terra e que quando o último partisse para o céu, aí sim ela se evaporaria com suas águas represadas, subindo também ao céu para nossos mergulhos celestiais eternos.

Represinha





segunda-feira, 1 de abril de 2013

COMO ERA BOM IR AO REEMBOLSÁVEL

Pois é...quase todos os dias, todos nós lá no campinho inclinado, a graminha, num jogo de futebol frenético onde todos corríamos atrás da bola, de um lado ao outro, tentando acertar aquele gol de "três passos", com uma camisa de cada lado, num montinho que sugeria ser os postes e a trave ilusória era a nossa altura de um pulo, ou seja, se a bola passasse acima deste pulo era "fora", e todos aceitavam.


Normalmente as partidas eram de 5 gols...o time que marcasse primeiro os cinco gols ganhava o jogo e depois montava-se outro time com os meninos que estavam aguardando de fora.

E os meninos de Cumbica estavam todos lá, eu (Edson), o Milton, o Oscar Varella, o Ricardo, o Luiz Sávio, Cláudio, Lucélio, João Alves, Raimundo Cassulino, Décio Cassulino, Pedro Cassulino, Dídimo Serra,   os irmãos Rocio, Adelmo, Pinóia, Celso Ávila, Leoni, Adolfinho e Castilho.

Num "par-ou-impar" íamos escolhendo o time, um de cada vez e ficava o time da camisa contra os sem camisa.
O drama era quando a bola num chute sempre mal dado ia pra cima do varal das casas de baixo, com os lençóis imaculadamente lavados e devidamente "carimbados" com a bola.
O apito final das partidas era sempre o chamado das mães para o almoço, ou jantar, ou estudar:

<< Edinhoooooo.....Miltinhoooooo>>

<< Dìiiii- diiiiii- mooooooo >>

<< Pedrinhoooo,  Décinhooooo, Mundinhoooo>>>

E assim os chamados iam se sucedendo, numa sinfonia de uma grande ópera que ecoava até pelas montanhas da Serra da Mantiqueira.

São ecos que duram mais de 40 anos, que não param milagrosamente de nos chamarem, por nossas cuidadosas mães.

Lá está o campinho, a Serra da Mantiqueira, as mesmas casas hoje branquinhas e outrora coloridas,


 ... as mesmas avenidas e ladeiras.


Os mesmo arbustos e abacateiros e hoje árvores majestosas. O bosque milagrosamente ainda imaculado, cujas entranhas somente são conhecidas pelos meninos e meninas de Cumbica, a represinha, um cantinho do céu  bem escondido, ainda esperando pelos meninos pularem com algazarra em suas águas, cuja nascente jurou que somente secaria quando o último menino de Cumbica estivesse no céu e aí então ela se evaporaria e subiria em nossa direção, porque ela também foi feita com nossas lágrimas de alegria.


A quadra de volei de tantas festas juninas, de tantos jogos de volei e tanta paixão.


Os Clubes, onde desabrochavam as emoções de meninos e meninas que jamais se esquecem


...e no cinema da BASP,


... onde Rita Lee explicava:

No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz...
Se a Deborah Kerr
Que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Não!
Minha garota é Mae West
Eu sou o Sheik Valentino..
Mas de repente o filme pifou
E a turma toda logo vaiou
Acenderam as luzes
Cruzes!
Que Flagra!
Que Flagra!
Que Flagra!
Uauauauauá!
Larará! Larará...

E, ainda hoje chego acordar de madrugada, num sonho feliz, escutando minha mãe chamar:

<< Edinho, levanta...vamos com o papai ao Reembolsável >>

Portão cinza do Reembolsável

E eu vou.







segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

TÚNEL DO TEMPO

E, em outubro de 2012, retornei para minha BASP, em Cumbica.

Sim, a passeio, por curto espaço de tempo, mas o suficiente para entrar no túnel do tempo...

BASP 1958

Numa incrível viagem pela memória, retornei ao meu tempo de infância e adolescência, como se tivesse voando, lá do alto visualizei a Base com a lagoa ao centro e voando um pouco mais, a minha querida Vila dos Sargentos.

Desci, muito rápido, como um avião em voo pique, alinhei no horizonte e aterrissei suavemente na Vila.

Só emoção.

A minha casa, onde escutei os nossos gritos de alegria, meu chamado pelo meu cãozinho, o Dique, meu pai lavando o carro, minha mãe arrumando o jardim da frente de casa, o Milton e a Yara dando risadas.


Mas o Dique, como sempre muito arisco e sapeca, ficava escondido entre os ciprestes me olhando...e num piscar de olhos, ele pulava em cima de algum brinquedo meu e sumia pelo quintal e eu correndo atrás dele jamais conseguia pegá-lo e algum tempo depois eu descobriria meu brinquedo escondido entre algum arbusto.

A Vila, com as casas iguais, com um quintal "infinito" e pessoas amigas onde o sorriso era perene entre todos.

As casas dos meus amigos, vejo o Cláudio sentado na calçada tocando violão e o Lucélio cuidando de seu galo de briga...



Passando pela Av 3 da Vila dos Sargentos, vejo o Ricardo cuidando de seu pé de figo e o Alexandre cuidando do seu irmão Fábio sentado em cima do muro em frente sua casa...



São lembranças felizes intermináveis mas todas vivas dentro deste túnel do tempo e continuando com minha viagem no tempo, indo pela Av 2, vejo a casa da Assum, que antes fora dos Sávios, casa de muitas festas e bailinhos, onde nosso grupo formou a banda The Hards, muitas músicas e gritarias de farra e escuto vivamente a Dna Assum gritar na festa <<VAMOS ACABAR COM O MUNDO>> e o som corria alto e solto...


Dona Assum

Com o som da festa diminuindo, quase sumindo, segui mais à frente, bem em frente a casa do Sgto Drumond, mas numa época mais distante, em 1957, lá estavam os dois irmãos brincando, o Robeto e o Beco...

... e na brincadeira deles, o Beco esquece a bicicletinha dele bem na frente da casa e isto me fez lembrar da minha esquecida durante a mudança para Cumbica na minha casa da Rua Oiti, no Tatuapé, e eu não resisto a pegar a bicicletinha para uma volta, escondido do Beco, devolvendo logo em seguida.


O túnel do tempo não tem uma sequência lógica, ora está voando bem longe na infância, ora dentro da turbulência da adolescência e é isto que torna a viagem mais emocionante e neste vai e vem no tempo faz com que visualizo amigos de várias épocas de minha vida em Cumbica.

E, passando mais à frente pela Av-2, olho para cima e vejo a nossa "graminha" que nada mais é do que nosso campinho de futebol e tem até hoje a característica de ser inclinado, estando sua parte mais baixa virada para a Av 2 e escuto uma gritaria na graminha e vejo muitos moleques correndo atrás de uma enorme bola de capotão que era do Ricardo, irmão da Vera e numa leve neblina do túnel do tempo, vejo o Ricardo, o Luiz Sávio, os irmãos Décio, Raimundo e Pedro Cassulino, os irmãos Cláudio e Lucélio Garcia, o Celso Ávila, eu e meu irmão Milton, o Dídimo Serra, o João Alves,  os irmãos Roberto e Beco Drumond e o "pinóia", todos correndo ao mesmo tempo atrás da bola, numa confusão alegre, onde consigo identificar os gols, montados por montinhos de camisas.

a graminha

Aproveitando o visual da graminha, sigo pela Av 1 em direção à nossa quadra de Volei e lá, outra gritaria e muitas risadas e apressando mais meus passos, chegando bem perto, vejo outro grupo de amigos jogando Volei, os irmãos Ricardo, Cristina e Alexandre Othechar, o Marcão, o Sargento Alexandre e sua esposa, as irmãs Sudelma e Telma Tomáz, a Thaís Bezerra, a Denise Lípolis, o Zeca, as irmãs Mercedes e Graça Casal, a Sônia e seu irmão Sílvio Correa e o Duval Moritz, quando  de repente, numa louca brincadeira, o Ricardo e Alexandre, pegam alguns baldes com água e jogam água sobre todos os jogadores acabando de vez com o jogo numa gritaria e gargalhadas de todos.

a quadra de Volei

Retorno em direção ao Clube na Av 2, passando em frente das casas de tantas saudades e vejo a saudosa lage das bombas da piscina,  as piscinas  com um monte de crianças e amigos, todos com largos sorrisos e eternizados neste túnel...






... e a quadra de futsal em frente ao clube onde começo a escutar músicas de festas juninas, a neblina se dissipando e vejo todos vestidos de caipira e lá estava o Francisco Di Célio, o Eli, Denilson, Solange, o Chico, Paulo Antônio, Douglas, Luiz Jácome, José Drumond, as irmãs Dete e Yvelise, Denise e muitos outros...


Mas, num passo de mágica, o túnel se desfaz, o silêncio retorna e me vejo descendo a ladeira entre as Av 2 e Av-3.



Com a alma sufocada de saudades e emoção, neste momento para um automóvel ao meu lado e o motorista, um Sargento novinho residente da Vila, me pergunta:

--- O senhor está perdido? precisa de ajuda?

Eu respondi:

--- Residi nesta Vila de 1957 a 1971, de 4 a 18 anos de idade. Amigo, aqui eu jamais me perdi e acabo de me reencontrar. Obrigado.

Continuei meu caminho feliz, sabendo que em tempo bem curto reencontraria meus amigos, mas não num túnel do tempo e sim num turbilhão de abraços.





Se alguém perguntar onde fica a BASP, em Cumbica, podemos responder;

<< É um lugar que fica escondido em Guarulhos, cheio de natureza, perto da Serra da Mantiqueira, onde o tempo não passa e ninguém envelhece. Onde todos são sempre crianças ou adultos, onde ninguém morre, mas sim vivem muito felizes dentro dos corações, para toda eternidade >> .

represinha