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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

TÚNEL DO TEMPO

E, em outubro de 2012, retornei para minha BASP, em Cumbica.

Sim, a passeio, por curto espaço de tempo, mas o suficiente para entrar no túnel do tempo...

BASP 1958

Numa incrível viagem pela memória, retornei ao meu tempo de infância e adolescência, como se tivesse voando, lá do alto visualizei a Base com a lagoa ao centro e voando um pouco mais, a minha querida Vila dos Sargentos.

Desci, muito rápido, como um avião em voo pique, alinhei no horizonte e aterrissei suavemente na Vila.

Só emoção.

A minha casa, onde escutei os nossos gritos de alegria, meu chamado pelo meu cãozinho, o Dique, meu pai lavando o carro, minha mãe arrumando o jardim da frente de casa, o Milton e a Yara dando risadas.


Mas o Dique, como sempre muito arisco e sapeca, ficava escondido entre os ciprestes me olhando...e num piscar de olhos, ele pulava em cima de algum brinquedo meu e sumia pelo quintal e eu correndo atrás dele jamais conseguia pegá-lo e algum tempo depois eu descobriria meu brinquedo escondido entre algum arbusto.

A Vila, com as casas iguais, com um quintal "infinito" e pessoas amigas onde o sorriso era perene entre todos.

As casas dos meus amigos, vejo o Cláudio sentado na calçada tocando violão e o Lucélio cuidando de seu galo de briga...



Passando pela Av 3 da Vila dos Sargentos, vejo o Ricardo cuidando de seu pé de figo e o Alexandre cuidando do seu irmão Fábio sentado em cima do muro em frente sua casa...



São lembranças felizes intermináveis mas todas vivas dentro deste túnel do tempo e continuando com minha viagem no tempo, indo pela Av 2, vejo a casa da Assum, que antes fora dos Sávios, casa de muitas festas e bailinhos, onde nosso grupo formou a banda The Hards, muitas músicas e gritarias de farra e escuto vivamente a Dna Assum gritar na festa <<VAMOS ACABAR COM O MUNDO>> e o som corria alto e solto...


Dona Assum

Com o som da festa diminuindo, quase sumindo, segui mais à frente, bem em frente a casa do Sgto Drumond, mas numa época mais distante, em 1957, lá estavam os dois irmãos brincando, o Robeto e o Beco...

... e na brincadeira deles, o Beco esquece a bicicletinha dele bem na frente da casa e isto me fez lembrar da minha esquecida durante a mudança para Cumbica na minha casa da Rua Oiti, no Tatuapé, e eu não resisto a pegar a bicicletinha para uma volta, escondido do Beco, devolvendo logo em seguida.


O túnel do tempo não tem uma sequência lógica, ora está voando bem longe na infância, ora dentro da turbulência da adolescência e é isto que torna a viagem mais emocionante e neste vai e vem no tempo faz com que visualizo amigos de várias épocas de minha vida em Cumbica.

E, passando mais à frente pela Av-2, olho para cima e vejo a nossa "graminha" que nada mais é do que nosso campinho de futebol e tem até hoje a característica de ser inclinado, estando sua parte mais baixa virada para a Av 2 e escuto uma gritaria na graminha e vejo muitos moleques correndo atrás de uma enorme bola de capotão que era do Ricardo, irmão da Vera e numa leve neblina do túnel do tempo, vejo o Ricardo, o Luiz Sávio, os irmãos Décio, Raimundo e Pedro Cassulino, os irmãos Cláudio e Lucélio Garcia, o Celso Ávila, eu e meu irmão Milton, o Dídimo Serra, o João Alves,  os irmãos Roberto e Beco Drumond e o "pinóia", todos correndo ao mesmo tempo atrás da bola, numa confusão alegre, onde consigo identificar os gols, montados por montinhos de camisas.

a graminha

Aproveitando o visual da graminha, sigo pela Av 1 em direção à nossa quadra de Volei e lá, outra gritaria e muitas risadas e apressando mais meus passos, chegando bem perto, vejo outro grupo de amigos jogando Volei, os irmãos Ricardo, Cristina e Alexandre Othechar, o Marcão, o Sargento Alexandre e sua esposa, as irmãs Sudelma e Telma Tomáz, a Thaís Bezerra, a Denise Lípolis, o Zeca, as irmãs Mercedes e Graça Casal, a Sônia e seu irmão Sílvio Correa e o Duval Moritz, quando  de repente, numa louca brincadeira, o Ricardo e Alexandre, pegam alguns baldes com água e jogam água sobre todos os jogadores acabando de vez com o jogo numa gritaria e gargalhadas de todos.

a quadra de Volei

Retorno em direção ao Clube na Av 2, passando em frente das casas de tantas saudades e vejo a saudosa lage das bombas da piscina,  as piscinas  com um monte de crianças e amigos, todos com largos sorrisos e eternizados neste túnel...






... e a quadra de futsal em frente ao clube onde começo a escutar músicas de festas juninas, a neblina se dissipando e vejo todos vestidos de caipira e lá estava o Francisco Di Célio, o Eli, Denilson, Solange, o Chico, Paulo Antônio, Douglas, Luiz Jácome, José Drumond, as irmãs Dete e Yvelise, Denise e muitos outros...


Mas, num passo de mágica, o túnel se desfaz, o silêncio retorna e me vejo descendo a ladeira entre as Av 2 e Av-3.



Com a alma sufocada de saudades e emoção, neste momento para um automóvel ao meu lado e o motorista, um Sargento novinho residente da Vila, me pergunta:

--- O senhor está perdido? precisa de ajuda?

Eu respondi:

--- Residi nesta Vila de 1957 a 1971, de 4 a 18 anos de idade. Amigo, aqui eu jamais me perdi e acabo de me reencontrar. Obrigado.

Continuei meu caminho feliz, sabendo que em tempo bem curto reencontraria meus amigos, mas não num túnel do tempo e sim num turbilhão de abraços.





Se alguém perguntar onde fica a BASP, em Cumbica, podemos responder;

<< É um lugar que fica escondido em Guarulhos, cheio de natureza, perto da Serra da Mantiqueira, onde o tempo não passa e ninguém envelhece. Onde todos são sempre crianças ou adultos, onde ninguém morre, mas sim vivem muito felizes dentro dos corações, para toda eternidade >> .

represinha

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

NOITE INTRIGANTE - por Deise Fátima Barroso de Souza Barros


Noite intrigante, que assustou!

Morávamos na casa de número 304 da  avenida 3 na Base Aérea de São Paulo em Cumbica. 



Contava com meus 12 anos de idade e naquela época, minha mãe Layze que é apaixonada por bichos, criava dois cachorros, duas tartarugas e uma periquita, esta, já solitária, pois seu companheiro de gaiola havia sucumbido a um ataque noturno de algum animal desconhecido por nós.



E desde o ocorrido,os cuidados com ela se  redobraram. No final do dia, a gaiola era retirada de uma frondosa árvore que ficava em frente de nossa casa  para o interior da garagem; uma cobertura de madeira e telha amianto, que meu pai, SO Orlando, mandara construir no fundo do terreno; lá, a nossa avezinha ficava protegida do frio e intempéries.


SO Orlando, Dna Layse e Deise

Numa determinada noite, já eram altas horas e todos  dormíamos, quando desperto com um movimento diferente na casa.

Passadas de meus pais em direção ao corredor da casa, falatórios e barulhos aguçaram minha curiosidade e preocupação de verificar o que estava acontecendo.

Ao chegar na porta de acesso a cozinha, me deparo com um quadro que me deixou estática. 

Na saída da cozinha para a área de serviço da casa, presenciei meu pai em frente a minha mãe, com seu revolver de calibre 38 na mão e ela implorando a ele:- não atira!, não atira!.




Sonada ainda, tentava entender a cena onde os protagonistas eram um casal perfeito, que se tratavam com muito amor e respeito e que eu nunca havia visto brigar. Será que meu pai queria atirar em minha mãe naquela instante??!!!, preferi pensar que era um ladrão querendo arrombar minha casa, mas como poderia ele ter conseguido passar pela guarda dos portões da Base onde a identificação e o destino era informação exigida por todos que se aproximavam???!!!...ou se tivesse sido bem ousado para transpor os muros da Base, como teria conseguido burlar o serviço das rondas??!!!.

Em meio aqueles pensamentos horríveis e angustiantes, ouço um barulho de estopim.

Meu pai havia deflagrado a arma e a direção do tiro foi para o alto de um abacateiro que havia na lateral da casa de nossa vizinha , dna Maria esposa do SO Manzini, onde, lá no alto, meu pai avistou dois olhos acusando sua localização.



O tiro foi certeiro.

O animal subiu mais ainda e caiu. Não vimos mais nada naquela noite escura, só ouvíamos os gritos da periquita confirmando que sua gaiola tinha sido visitada novamente por aquele sinistro animal que voltara para terminar o seu jantar.

Ao amanhecer, verificamos o rastro de sangue e constatamos que o infortúnio bicho era um gambá que teve seus últimos suspiros no barranco atrás de nossa casa e acabou virando assado apetitoso para um civil que trabalhava com meu pai e era apreciador da carne.




Quanto a periquita, bem, conseguiu sobreviver a aquela noite macabra e ter noites mais tranqüilas, convivendo conosco por um bom tempo, graças ao alarde de seus gritos, chamando a atenção de seus salvadores.