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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

NOITE INTRIGANTE - por Deise Fátima Barroso de Souza Barros


Noite intrigante, que assustou!

Morávamos na casa de número 304 da  avenida 3 na Base Aérea de São Paulo em Cumbica. 



Contava com meus 12 anos de idade e naquela época, minha mãe Layze que é apaixonada por bichos, criava dois cachorros, duas tartarugas e uma periquita, esta, já solitária, pois seu companheiro de gaiola havia sucumbido a um ataque noturno de algum animal desconhecido por nós.



E desde o ocorrido,os cuidados com ela se  redobraram. No final do dia, a gaiola era retirada de uma frondosa árvore que ficava em frente de nossa casa  para o interior da garagem; uma cobertura de madeira e telha amianto, que meu pai, SO Orlando, mandara construir no fundo do terreno; lá, a nossa avezinha ficava protegida do frio e intempéries.


SO Orlando, Dna Layse e Deise

Numa determinada noite, já eram altas horas e todos  dormíamos, quando desperto com um movimento diferente na casa.

Passadas de meus pais em direção ao corredor da casa, falatórios e barulhos aguçaram minha curiosidade e preocupação de verificar o que estava acontecendo.

Ao chegar na porta de acesso a cozinha, me deparo com um quadro que me deixou estática. 

Na saída da cozinha para a área de serviço da casa, presenciei meu pai em frente a minha mãe, com seu revolver de calibre 38 na mão e ela implorando a ele:- não atira!, não atira!.




Sonada ainda, tentava entender a cena onde os protagonistas eram um casal perfeito, que se tratavam com muito amor e respeito e que eu nunca havia visto brigar. Será que meu pai queria atirar em minha mãe naquela instante??!!!, preferi pensar que era um ladrão querendo arrombar minha casa, mas como poderia ele ter conseguido passar pela guarda dos portões da Base onde a identificação e o destino era informação exigida por todos que se aproximavam???!!!...ou se tivesse sido bem ousado para transpor os muros da Base, como teria conseguido burlar o serviço das rondas??!!!.

Em meio aqueles pensamentos horríveis e angustiantes, ouço um barulho de estopim.

Meu pai havia deflagrado a arma e a direção do tiro foi para o alto de um abacateiro que havia na lateral da casa de nossa vizinha , dna Maria esposa do SO Manzini, onde, lá no alto, meu pai avistou dois olhos acusando sua localização.



O tiro foi certeiro.

O animal subiu mais ainda e caiu. Não vimos mais nada naquela noite escura, só ouvíamos os gritos da periquita confirmando que sua gaiola tinha sido visitada novamente por aquele sinistro animal que voltara para terminar o seu jantar.

Ao amanhecer, verificamos o rastro de sangue e constatamos que o infortúnio bicho era um gambá que teve seus últimos suspiros no barranco atrás de nossa casa e acabou virando assado apetitoso para um civil que trabalhava com meu pai e era apreciador da carne.




Quanto a periquita, bem, conseguiu sobreviver a aquela noite macabra e ter noites mais tranqüilas, convivendo conosco por um bom tempo, graças ao alarde de seus gritos, chamando a atenção de seus salvadores.


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