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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Aprendendo com as brincadeiras


Como eu gostava das manhãs de fim de semana em Cumbica !

Bem cedo, meu galo começava a cantar, as galinhas cacarejar, o Dique me lamber a cara para eu acordar e abrir a porta da cozinha para ele sair em seu passeio matinal...e eu lavava meu rosto, escovava os dentes, colocava meu calção, camisa, meias, o tênis e corria para a rua ver o Sol nascendo, em sua cor alaranjada da manhã, com alguma neblina cobrindo a pista de aviões da Base e os passarinhos que já voavam a toda em busca de alimentos.

Com meus sete anos, religiosamente, pegava meus carrinhos de brinquedo e ia para minha "Estrada de Santos" no barranco atrás de casa e iniciava minhas viagens subindo e descendo o barranco pelas estradinhas e pontes que eu sempre fazia.

O barranco atrás de casa (foto real)

Uma vez, quando estávamos comendo de sobremesa após o almoço um suculento abacaxi, meu pai falou-me que se plantasse aquela folhagem dura e espinhosa do abacaxi, iria nascer outro.

Fiz isto, plantei aquela planta em cima do meu barranco  ao lado de um arbusto de "maria pretinha",
que todas os dias saboreava e eu sempre colocava água neles e numa destas manhãs vi que bem no centro da folhagem vinha crescendo um abacaxizinho e não contive minha alegria, pois quando meu pai acordou, fiz ele ir ver meu abacaxi nascendo e ele ria muito dos meus cuidados e de minha "Estrada".

Esta manhã era especial para mim, pois também iria aprender a andar de bicicleta, uma bicicleta vermelha que ganhei de meu pai. Os pedais dela não tinha catraca e fazia com que eu tivesse que pedalar constantemente.

Meu pai pegou a bicicleta, que chamava de "bicicletinha", fomos para frente de casa e ele me explicou que iria segurar no meu banco e eu deveria pedalar sem parar, sempre olhando para frente. Nas primeiras tentativas, eu cambaleante era sempre segurado por meu pai.

Numa destas tentativas ele mandava eu pedalar e eu fazendo isto, vi que meu pai estava correndo do meu lado sem segurar no banco e minha alegria foi tanta que pedalei muito em direção de uma árvore que havia ao lado da rua. Ele gritava para eu mudar de direção, mas isto eu ainda não havia aprendido e trombei com a árvore, caindo ao lado rindo muito. Mais algumas instruções e eu já andava perfeitamente de bicicleta.

Os dias foram passando, mais fins de semanas, e um dia, subindo no meu barranco vi que meu abacaxi estava maiorzinho mas já amadurecendo antes de ficar no tamanho normal e mais um tempo depois ele ainda pequeno já estava com a cor bem amarela e já avermelhando e meu pai disse que eu poderia pegá-lo pra minha sobremesa do almoço, o que fiz imediatamente.

Minha mãe descascou o abacaxi que era ainda pequeno, porém maduro. Um pedaço pra cada de casa e saboreamos meu abacaxi que estava muito doce, pra meu orgulho de "agricultor".

E um dia, meu pai chegou em casa com uma surpresa para minha irmã. Um coelhinho cinza, muito peludo e brincalhão. Minha irmã ficou maravilhada com seu coelho e preparou uma caixa de sapato com panos, grama fresca e cenoura. Do lado de fora, uma latinha com água.

O Dique ficou no primeiro momento "analisando" o novo companheiro...


... e resolveu que era muito pequeno para suas brincadeiras e não deu muita atenção.

Com isto, nossa casa estava bem alegre e agitada com o Dique, o Galo, as Galinhas e o Coelho, mas não parou por aí.

Meu pai resolveu fazer um aquário ao ar livre, no jardim de casa, ao lado, próximo da cozinha e eu e meu irmão fomos "recrutados" para a grande obra.

Fizemos um buraco quadrado, com uns 50 centímetros de largura e altura. Com tijolos, fizemos as paredes e o fundo, tudo bem assentado com cimento bem forte que meu pai preparava. As paredes foram cimentadas e em cima, meu pai colocou um tubo ladrão para o aquário não transbordar com as chuvas. A obra ficou excelente, minha mãe plantou algumas folhagens em volta e colocou pedras para os peixes.

 É isto! Os peixes...onde comprar? Mais diversão a vista !


Nos bambuzais que haviam na Base, colhemos alguns para vara de pescar e os montamos com linhas e anzóis. Pegamos minhocas e fomos todos para a lagoa da Base pescar levando latões com água para manter os peixes vivos.

A pescaria foi um sucesso e pegamos alguns lambaris e carás que foram para o aquário e a alimentação deles era abundante, com mosquitos, ração e a água era trocada semanalmente bastando encher o aquário com uma mangueira até transbordar pelo ladrão por algum tempo.

Agora sim...o Dique, o Coelho, o Galo, as Galinhas e os peixes que com o tempo, aos pouco, foram indo para o cantinho da saudade.

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