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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

HARAS DE CUMBICA - SEGUNDA PARTE

Após algum tempo sem nossos cavalos que foram levados para a fazendinha da BASP, indo pela Av Monteiro Lobato que passa margeando a BASP, o Cláudio e seu irmão Lucélio viram dois cavalos abandonados ao lado da avenida, no mato.


O Cláudio sem respirar disse ao Lucélio:
<< VAMOS LÁ PEGÁ-LOS E TRAZÊ-LOS DENTRO DA VILA?>>

O Lucélio:
<< SIM, VAMOS! >>

Eles trouxeram os cavalos para o "estábulo" que já estava montado dentro do bosque dos Sargentos e um dos cavalos, coitado, estava muito magrinho, desnutrido, dando para contar as costelas.

O Cláudio disse <<VAMOS ALIMENTÁ-LOS BEM ANTES DE MONTARMOS>>.
De novo concordou o Lucélio.

Após dois dias de escovamento e alimentação, o Lucélio não aguentava mais de vontade de galopar, mas o Cláudio o advertiu que ainda um estava muito magrinho, mas o Lucélio retrucou:
<<  ELES JÁ DEVEM TER SE NUTRIDOS COM OS ALIMENTOS QUE DEMOS, MAS SE QUISER, EU PEGO O MAGRINHO E VOCÊ PEGA O MAIS GORDINHO>>

E desta forma, o Cláudio concordou.

Foram até o estábulo e preparam os cavalos com a celas feitas das sucatas de banco dos aviões do CEMITÉRIO DE AVIÕES da cabeceira da pista, usados nos antigos cavalos.

O Cláudio, para não maltratar o cavalo magrinho, combinou um percurso pequeno para galopar e subiu no cavalo gordinho, ficando o magrinho à disposição do Lucélio.

Mas a vontade do Lucélio dar uns galopes era tanta que ele tomou uma boa distância e deu um grito:
<< ... LÁ VOU EU MEU IRMÃO...O ÚLTIMO A CHEGAR É MULHER DO PADRE!! >>

Mas o inusitado aconteceu!!

Na corrida, ao apoiar as mãos nas ancas do cavalo magrinho, este se ajoelhou e o Lucélio literalmente voou por cima do cavalo aterrissando em cima de uma grande moita de capim gordura que estava cheio de formigas saúvas.


O Cláudio desembestou em gargalhadas, mas vendo a aflição do Lucélio com as formigas pulou do cavalo para ajudá-lo e também ajudar a levantar o cavalo magrinho.


Após esta ocorrência, o Cláudio avisou-nos para antes de montar, o magrinho deveria de ser bem tratado e isto feito, em um mês ele já estava gordinho e recebeu o nome de MEKETREFE.

Depois de muitas alegrias e galopadas com o GORDINHO e o MEKETREFE, como de costume, o comando da BASP enviou-os para a fazendinha atrás dos hangares do 1º e 2º/10º GAv. (Primeiro e Segundo do Décimo Grupo de Aviação).

Seguuuraaa Piãoooo !!


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O ABACATEIRO DE DONA EUDÓXIA

Dona Eudóxia, muito alta e loira, descendente de alemães, esposa do Sgto Arno, também de descendência germânica, eram os pais de nossa amiga Lilian. Residiam na Av 3, vizinhos do Sgto Ávila, pai do Celso.

Dona Eudóxia tinha um carinho todo especial por um belo abacateiro plantado ao lado de sua casa e todos os dias cuidava para não ser atacado por formigas, eliminando qualquer formigueiro ao redor do abacateiro e, da mesma forma, o Sgto Arno tinha um ciumes enorme do abacateiro ajudando a cuidar dele e nós, os meninos de Cumbica, já estávamos de "olho" nos abacates há muito tempo.


O Sgto Arno tinha também um carro Citroen preto, ano 1950, reluzente e num dia, parou seu carro ao lado do Cláudio e fez um pedido:



<<Cláudio, eu preciso viajar uns dias com minha família e você poderia tomar conta de meu cachorro todos os dias dando água e alimento? Olha, o abacateiro já está carregado de  abacates e você pode pegar alguns pra você e quando eu retornar, te darei um presente.>>

O Cláudio arregalou os olhos e prontamente aceitou a solicitação << Deixa comigo! >>.

Não deu outra, o Cláudio foi de casa em casa dos amigos avisar que o abacateiro estava livre:
<< RAPAZIADA, TEM UM ABACATEIRO CHEIO DE ABACATE NA CASA DA LILIAN, ESPERANDO A GENTE, VAMOS NESSA?!...>>

abacateiros

O João Alves disse para o Cláudio:
<< AÊ, CLÁUDIO, VAMOS TIRAR OS VERDES TAMBÉM, NÃO VAMOS PERDER ESTA OPORTUNIDADE, POIS A GENTE EMBALA COM JORNAL E RAPIDINHO ELES FICAM MADURINHOS...>>

Aí concordamos: << LEGAL, BOA IDÉIA...>>

Em um dia limpamos o abacateiro de Dona Eudócia.
Nossa!! Era muito abacate, o pé estava carregado e quase que o Cláudio esqueceu de cuidar do cachorro.

Acontece que esta estravagância não acabou bem.

De tanto comermos abacates, um surto de desinteria se abateu em todos nós durante uma semana.

O João precisou ir ao médico para ser medicado, pois um dia, na volta do colégio, dentro do ônibus escolar da BASP não deu tempo e se aliviou ali mesmo, tendo todos os alunos que abrirem as janelas indo todos para a frente do ônibus e ele ficou sozinho atrás, morrendo de rir!!

Chegando em casa, ele correu para o banheiro mas estava ocupado e teve que sair correndo para o barranco atrás da casa dele e lá mesmo de novo se aliviou.

Quando o Sgto Arno retornou da viagem e viu seu abacateiro "pelado", deu uma tremenda bronca no Cláudio , dizendo que ele comeu todos os abacates dele, não deixando nenhum, nem os verdes e que ia reclamar ao seu Garcia, pai do Cláudio.

Sgto Garcia (esquerda) brincando de bang bang com o Lucélio

O Cláudio assumiu a culpa sozinho e não ganhou nenhum presente do Sgto Arno por ter cuidado do cachorro, e disse:
<< FOI BEM DIFÍCIL, POIS COM TANTA CAGANEIRA NÃO TAVA NEM PODENDO SAIR DE CASA!!.>>

É o que dá mandar macaco tomar conta de bananeira!!!

Cláudio Garcia

sábado, 28 de janeiro de 2012

PAIXÃO DOS MENINOS E MENINAS DE CUMBICA

Um dia, lá pelos idos 1968, apareceu todo orgulhoso o João Alves vestido com uma deslumbrante calça jeans Lee trazida pelo seu pai do Paraguai numa viajem a trabalho, com aquele azul índigo indescritível, coisa espetacular pra época e não deu outra coisa, todos queríamos uma calça Lee.

Esta calça era tão rara na época pois somente as víamos nos filmes americanos e o máximo que se conseguia era uma calça brim marca "Calhambeque" promovida no programa Jovem Guarda, pelo Roberto e Erasmo Carlos.

Roberto Carlos com a calça "Calhambeque"

Passamos a pesquisar todas as viagens dos militares da BASP, se algum ia para o Paraguai, local onde se conseguia comprar a famosa calça e isto se tornou uma febre entre todos os meninos de Cumbica: possuir uma calça jeans Lee.

E um dia, por uma sorte incrível, chega meu pai do serviço e diz que vai viajar para o Paraguai.

A bomba explodiu pela Vila e todos meus amigos vieram encomendar pelo menos uma calça Lee para cada um e foi o que aconteceu, no retorno da viajem ele trouxe as desejadas calças que cada um encomendara.

Por sorte também, a mãe do Sílvio era ótima costureira e ajustou todas as calças e passamos a desfilar orgulhosamente com nossas calças pela Vila, nos bailinhos das garagens e do Cassino.


Mas a moda também chegou nas meninas que queriam a todo custo os anéis "brucutu", anéis feitos com o cromado do esguicho do parabrisa do fusquinha...

"brucutu" - foto do cromado do meio, usado como anel

...e não se via mais nenhum fusquinha com o brucutu cromado!!!, pois era retirado por "alguém".

Clique para ouvir a música "olha o brucutu"

Mas o difícil mesmo era andar com aqueles terríveis sapatos salto "carrapeta"...

É uma "brasa mora!!"

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A VINGANÇA DO MACAQUINHO

Com meus nove anos de idade, peguei minha bicicleta e saí pedalando pela vila, indo em direção a Av 1, quando vi na frente da casa do Castilho um macaquinho preso com uma correntinha em cima de um suporte fixado ao chão.


Ele pulava de um lado ao outro pegando moscas e outros insetos.

Fiquei olhando aquele macaquinho esperto e comecei a andar em volta do suporte e ele me seguindo até enrolar toda a correntinha. Dei várias voltas ao contrário seguido pelo macaquinho, desenrolando a corrente e ele tentava pular em cima de mim.

No outro dia, outra vez fui ao encontro do macaquinho e fiz a mesma arte de enrolar e desenrolar a correntinha e o macaquinho outra vez tentou pular em cima de mim e eu dava risada dele.

No terceiro dia, outra vez fui tirar a paciência do macaquinho com minha arte, porém o dono dele, o Castilho, estava ao lado do macaquinho e não pude aprontar.

Não satisfeito, fui no dia seguinte tentar tirar a paz do macaquinho que estava sentado em cima do suporte.
Cheguei perto e comecei a andar em volta do macaquinho para enrolar a correntinha mas ele não saiu do lugar e nisto chegou o Castilho e começou a conversar comigo e eu esqueci do macaquinho.

Papo vai, papo vem, me aproximei demasiadamente do suporte do macaquinho e este sem pestanejar pulou em cima de mim.

Com o susto, comecei a gritar e tentar tirar o macaquinho de cima de minha cabeça e nisto ele me deu uma bela mordida no meu dedo mindinho da mão direita quase arrancando-o que logo começou a sangrar.

Com a gritaria, a mãe do Castilho retirou o macaquinho de cima de minha cabeça, levou-me para dentro de sua casa e tratou da mordida, fazendo um curativo.

Como premio pela peraltisse minha fiquei com uma bela e merecida cicatriz no meu dedinho da mão direita, porém sem me arrepender, pois é a marca da vingança do macaquinho e minha marca de criança.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

ENCONTRO DOS MENINOS E MENINAS DE CUMBICA-11/02/2012

O tempo passou mas nossas vidas em Cumbica permaneceram gravadas em nossos corações de forma singela e perenes.

Cumbica era os gritos dos meninos e das meninas nas brincadeiras, nos esportes, na represinha ou piscina, nos bailinhos de garagem, das festas do Cassino ou do Clube, na condução para escola ou cinema.

Cumbica era os aviões militares que ora decolavam, ora aterrissavam na pista e melhor, quando davam rasantes nas vilas, pois dentro destes aviões estavam nossos amigos e nossos pais.

Tantos e tantos foram os meninos e meninas de Cumbica que disto tudo criou-se um elo de carinho entre todos, como uma família unida e feliz.

E não poderia ficar somente nisto.

Com muita alegria, estes meninos e meninas de Cumbica resolveram se reencontrarem no dia 11 de fevereiro de 2012 em Guarulhos em local ainda a ser determinado.

Portanto, meninos e meninas de Cumbica, marcar com  Regina:  araalb@fcfrp.usp.br

Uma grande festa de reencontro, muitos de mais de 40 anos distantes, porém juntos de coração.

O título deste encontro está fixado como ENCONTRO DE BASEANOS DE CUMBICA, onde a palavra "baseanos" refere-se à BASE AÉREA DE SÃO PAULO - CUMBICA (BASP).

Destas histórias todas do blog, diga-se de passagem que são verdadeiras, muitos meninos se reencontrarão:
Edson, Milton, Ricardo, Alexandre, Cristina, Denise, Fábio, Cláudio, Lucélio, Roberto, Rubens(beco), Luis Sávio, Regina, Donizeti, Terezinha e muitos outros de outras gerações .

Até lá e posteriormente reportarei sobre a festa.








quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Os Sávios

Lá na Vila dos Sargentos, na BASP, nos anos 60, era também menino de Cumbica o Luís Sávio e seus irmãos Donizeti, Regina e Terezinha, filhos do Sargento Sávio e Dna Antônia.

Moravam na AV 2, próximo ao cruzamento da ladeira onde morou posteriormente o Sargento Furuno e Dona Sum.


Casa do Sgto Sávio

O Luís tinha muita habilidade no futebol e naquele tempo jogávamos num campo inclinado que chamávamos de "graminha" e lá, com ele, aprendemos muitas jogadas.

Graminha

Um dia, nas típicas tempestades de verão, Cumbica foi assolada por vendaval que chegaram a destelhar algumas casas e com a tempestade, muitos raios caiam muito próximos da Vila dos sargentos devido ela estar num nível mais alto da região e um destes raios caiu bem na ponta do telhado da casa do Luís e de outras casas, mas graças a Deus foi só um susto.

Mas todas as tardes, lá vinha o Luis com a turma toda jogar futebol na graminha, chegando em minha casa e gritava..."Milton...Edson...vamos jogar bola!!!""...e ninguém poderia negar.


Dos irmãos Sávios, a Terezinha desenvolveu um dom especial que é colocar em palavras por poesia toda a magia e alegria da Vila dos Sargentos e dos meninos de Cumbica:                       


Vila dos Sargentos

Na velha vila, após a chuva com a chegada do tímido sol
Eu brincava criando formas, semblantes e palácios em esculturas de barro.
Na casa com terraço em piso de cerâmica vermelha,
Varanda em círculos vazados, via a mata infinita ao encontro do céu.


Invasão de neblina, barulho de avião, helicóptero, caminhão
E passos do batalhão.
Cheiro de mato brilhante com gosto de orvalho
Vozes da infância de Rúbia, Beco, Zeti, Gina e Zinho correndo
Para catar siriri, jogar queimada, dançar quadrilha junina na quadra

quadra

E pegar o Papa Vila
Minha Mãe trocava sabores e gostos
E pratos com Dona Carmem e outras vizinhas.
Cumbica, tão imensa naquela época, e cheia de diminutivos
Trenzinho, escolinha e fazendinha.

Escolinha

Num amplo hangar, meu Pai consertava aviões cheios de história
E aventura que o levavam a sonhar.


Na minha memória naquela morada da Vila de Cumbica,
Família e amigos tornam-se presentes
No colorido das flores e no aroma da dama da noite.

Terezinha Aparecida Sávio

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Retorno das férias em Cumbica

Pois é...

O retorno das férias parece aquela Segunda feira fria e chuvosa que se transformava imediatamente num ensolarado Sábado quando reencontrávamos os amigos. Muitas histórias sobre as férias e novidades iam se desenrolando nos sotaques carioca do Cláudio e Lucélio, mineiro do Ricardo e Alexandre, catarinense do Sílvio, paulistano do João Alves e assim, numa miscelânea de palavreados típicos ia se formando o modo de falar de Cumbica.

"" Uai sô, extax fériax mermão, foram boas demais, orra meu, nem tomei "lete quente" em floripa !!""

E antes de começarem as aulas, marcávamos vários jogos de futsal na quadra do Cassino dos Sargentos, misturando os Sargentos com os filhos de Sargentos e a bola corria solta e alegre de pé em pé.


Mas um dia, perto do fim das férias, com nossa bola de futsal já bem usada, chegamos na quadra do Cassino eu, o Milton, Cláudio, Lucélio, Ricardo, Alexandre, Sheike, João Alves, Vanderlei, Sílvio, Ivo Pozzoli e Marcos, todos ávidos por começar o jogo, porém, como sempre, antes fazíamos um aquecimento chutando a bola para os goleiros, ora para o Lucélio, ora para o Sheike defenderem e... numa fome de bola danada... o Cláudio gritou "" deixa esta pra mim", correndo em direção da bola e dando uma verdadeira bomba, a bola foi em direção à parede ao lado do gol e quando se chocou na parede, simplesmente explodiu, voando pedaço de bola por todo lado.

Quadra de nosso futsal

O João, num momento de raiva gritou:

"CARAI VÉI...COM ESTE MARDITO DEDÃO NÃO HÁ BOLA QUE AGUENTE"

Numa gargalhada de todos, restou irmos jogar sinuca dentro do Cassino e o Cláudio ficou com aquela risadinha gozadora de carioca olhando pro seu "mardito dedão".

Cláudio