E, com o outono, sabíamos que era época de frutas e nesta época ficávamos de "olho" nas árvores de abacates, pêssegos, caquis, nos pés de maracujás, manga do mato, goiabas e muitas outras muito comuns em Cumbica.
abacateiros atrás das casas
As árvores da Vila dos Sargentos já estavam muito bem vigiadas e para conseguir alguma fruta, somente com artimanhas ou truques, por exemplo chutando a bola para o quintal visado e ao pegar a bola, surrupiar algum pêssego e mesmo assim ter que fugir correndo de algum "cabo de vassoura " que logo vinha acudir a pessegueira.
árvores frutíferas abaixo da quadra de volei
Mas a melhor maneira mesmo era irmos todos ao local de tratamento de água da BASP, com aquelas enormes piscinas fedorentas, porém com muitas árvores de frutas em volta.
Lá, poderíamos sem qualquer susto subir nas goiabeiras e degustar aquelas suculentas goiabas vermelhas e após, carregar nossas camisas com limões, retirados de muitos limoeiros do local.
Cumbica 1958
A chegar em casa, carregado de limões que logo iriam virar limonadas, minha mãe ao questionar de onde vinham os limões, era difícil falar por causa do azedo que contraía nosso rosto e boca.
Descarregado dos limões, já nos agrupávamos para tentar os abacateiros da Vila, que eram mais difícil de colher devido a altura destes, mas o João Alves era bem treinado em subir em árvores e fazia a coleta jogando os abacates lá de cima.
Também nesta época do ano, a fauna de Cumbica estava em plena atividade e exuberante, pois os animais nascidos no verão já estavam aprendendo ou mesmo em plena caça de sobrevivência e nisto era comum deparamos com as cobras coral e cascavel tentando caçar os passarinhos, sapos ou preás; os gambás buscando frutas nas árvores, gaviões atacando em pleno voo os canários da terra distraídos; grandes lagartos correndo atrás das cobras; pássaros de diversas cores atacando os insetos voadores e assim a vida seguia com toda a sua magia de equilíbrio.
Com o Sol ainda forte, esquentando aquelas tardes de Cumbica, um convite para mergulhar na nossa represinha era imperdível. e lá íamos nós em fila indiana pelas matas até chegar naquelas abençoadas águas que nunca secaram e o segredo da nascente era que ela jurou jamais secar enquanto ainda houvesse um menino de Cumbica na terra e que quando o último partisse para o céu, aí sim ela se evaporaria com suas águas represadas, subindo também ao céu para nossos mergulhos celestiais eternos.
Represinha
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