Total de visualizações de página

segunda-feira, 12 de março de 2012

Os ovos de Páscoa e a cabeça da boneca da Yára

E a páscoa estava chegando e nós em casa, eu, o Milton e a Yára muito ansiosos imaginando os ovos de páscoa que iríamos ganhar, o tamanho, o colorido do papel, o recheio que eu preferia que fosse um brinquedo.

Eu, com 6 anos, o Milton com 7 e a Yára com 5, não conseguíamos imaginar como o "coelho da Páscoa" iria trazer ovos tão grandes, já meio desconfiados, procurávamos por todo canto da casa, revirando gavetas e armários até cansar. Lógico que a bronca e castigo vinham, mas valia a pena continuar tentando.

Numa noite, meus pais foram ao cinema da Base e foi o bastante para reiniciarmos as buscas, porém não encontramos nenhum vestígio dos ovos de páscoa, mas encontrei uma boneca da Yára, um bebê de borracha que os olhos mexiam pra cima ou para baixo dependendo da posição dele e nisso de fazer abrir e fechar os olhos tive uma idéia um tanto "sinistra".


Como na casa da Vila havia um corredor grande, eu disse para o Milton que poderíamos jogar bola nele, fazendo um "gol a gol", mas o Milton perguntou:
<< Com que bola se não temos? >>
Eu disse pra ele...
<< A Yára empresta o bebê e eu tiro a cabeça dele pra jogarmos bola >>
Dito e feito, mesmo com a Yára não querendo emprestar o bebê dela, tirei a cabeça dele e iniciamos o jogo.

Chute pra cá, chute pra lá, por diversas vezes até cansarmos e a Yára bronqueando com a gente.

Finalmente, para atender a Yára que estava ameaçando a chorar, recoloquei a cabeça do bebê no lugar, porém os olhos deles ficaram vesgos de tanto chutes.

Aí sim a Yára começou a chorar sem parar de ver o bebê vesgo e eu tentei arrumar de todo jeito, mas os olhos não me obedeciam, ficavam sempre vesgos e eu e o Milton percebemos a encrenca em que entramos e um começou a culpar o outro.

Eu era o culpado por dar a idéia. O Milton era culpado por aceitar a idéia. E a discussão não acabava até que nossos pais chegaram e viram a Yára chorando.

Nesta noite, eu e o Milton aprendemos a "sambar" de tantos cascudos e chineladas e finalmente o castigo.

Prima Maysa, Yára, Milton e eu

No dia seguinte, eu e o Milton de castigo, sem poder sair à rua, sem ver televisão ou brincar, ficamos sentados na sala de jantar um olhando para a cara do outro arrependidos e o pior é que a Yára passava pelo lado de fora com o bebê já consertado pelo meu pai, olhando a gente de castigo pela janela, ficava mostrando a lingua e falava: << bem feito !! >>.

A casa da Vila dos Sargentos em Cumbica

Eu disse pra ela esperar outro dia que eles fossem ao cinema e iríamos jogar bola com a cabeça do bebê até os olhos saírem rolando pelo chão. A Yára começou a chorar de novo falando o que eu disse e novos puxões de orelha me fizeram desistir da idéia rapidinho.

Yára à esquerda, meu pai ao centro, eu dentro no avião NA-T6 da FAB e a prima Sandrinha

Quando tudo voltou ao normal, com nossos pedidos de desculpas, reiniciamos a busca dos ovos de páscoa até desistirmos de vez.

Quando chegou finalmente o Domingo de Páscoa, ao acordarmos vimos pelo chão do quarto vários pedaços de cenoura e restos de capim. Seguimos os pedaços de cenoura pela casa e descobrimos atrás da cortina da sala três maravilhosos ovos de Páscoa e saímos gritando pela casa e pulamos na cama dos meus pais mostrando os ovos.

Foi um Domingo maravilhoso e logo nos arrumamos para passarmos a Páscoa na casa de meu avô Paulino.

Ah!! ganhamos uma bola de futebol do meu pai para não chutarmos mais a cabeça do bebê  da Yára e com esta bola, aprendemos a jogar futebol.

Mas que aquela cabeça era legal, era sim...e muito! Não contem para a Yára !

Yára



Um comentário:

  1. Muito boa a historia. Dificil imaginar meu amigo Miltão criança levada. Que época boa, essa.

    Parabéns pelo texto bem escrito

    ResponderExcluir

Faça seu comentário.