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terça-feira, 27 de março de 2012

NUM TERROR DE PERDER O FÔLEGO, ASSOBIE!

E naquela noite escura e fria, de madrugada, de repente a Yára aparece no nosso quarto, sem acender a luz e sacode o Milton e sussurrando:
--- Miiiillltonnn !!!... Miiiilltonnn !!!


O Milton acordando, vendo aquela figura no escuro, arrepiou até a alma, cobriu sua cabeça e ficou imóvel.

A Yára foi à minha cama, me sacudiu e sussurrou:
--- Eeeedsssonnnn !!!... Eeeeedsssonnn !!!

Eu, semi acordado, também vi aquela silhueta da Yára no escuro, quase desmaiei e também me cobri todo.


A Yára tirou a coberta do Milton e ele num salto da cama, gelado de medo, reconheceu a Yára e disse:
--- Você quer me matar ???
Nisto eu também levantei com os olhos arregalados e na penumbra do quarto a Yára disse:
--- Tem gente no fundo do quintal...estou escutando um barulho.

Sem acender a luz, nós três, um tropeçando ao outro, fomos ao quarto de nossos pais e acordamo-os.

--- Pai...pai...a Yára disse que tem gente no fundo do quintal !!!

Meu pai num salto, olhando para o escuro sem saber onde estava, disse:
--- Que foi...onde?...barulho?... Guiomar, fique na cama.

Ele abriu a porta do guarda-roupa, pegou seu revolver militar "38" e sem acender as luzes, saiu na nossa frente em direção às janelas do quarto que dava para o fundo do quintal e começou  a assobiar.
Eu perguntei pra que ele estava assobiando e ele disse que era pra dar tempo para o "ladrão" fugir e automaticamente todos nós começamos a assobiar!

Ao chegar perto do quarto, paramos de assobiar e escutamos realmente um barulho estranho no quintal.

O que seria??? Um ladrão? alma penada? vampiro?


Os pelos de meu braço se levantaram e acho que os cabelos também, a respiração ofegante de todos, os olhos esbugalhados, fomos chegando bem perto da janela, mais perto, um pouco mais... quase encostando, os quatro juntos e meu pai com o revolver apontando em direção à janela...escuridão total... o ruído aumentando lá fora e já não respirávamos mais.


A tensão cada vez maior, nos aproximamos o máximo da janela para ver entre as frestas quando...de repente...a Yára encostou na janela e...fiquei transparente, horrorizado, apavorado, idem todos...

A JANELA COM O TOQUE DA YÁRA ABRIU-SE TOTALMENTE E TODOS NÓS CAÍMOS SENTADOS EM BAIXO DA JANELA NUMA CENA SURREAL.

Com a janela escancarada, com o barulho ainda persistente, levantamo-nos bem devagar, um ao lado do outro, mais devagar e vimos...juro que eu vi !!! todos viram !!!


Meu pai levantou-se mais rápido, acendeu a luz e disse:
--- Chega de coisas, vocês são uns medrosos, vamos dormir!!

Eu, o Milton e a Yára, um olhando para a cara do outro, desatamos a rir, em gargalhadas até perdermos o fôlego (até hoje) com a os causadores dos ruídos .

Minha mãe lá do quarto gritou:
--- O que foi ???

--- Nada, nada... mãe...uns gatos namorando!


E meu pai voltou para o quarto assobiando.

quarta-feira, 21 de março de 2012

PASSEIO SURPRESA !


Lá pelos idos 1962, um dia, meu pai disse: " vamos fazer um passeio diferente, vocês vão gostar muito " e não falou mais nada, era surpresa..

Entramos todos na Vemaguet e fomos em direção à Via Dutra, pelo portão principal da BASP.

Portão da Guarda principal da BASP

Pegamos a Dutra no sentido Cumbica / São Paulo, passamos em frente a SKF, depois da Toddy, da Pfiser, por baixo do pontilhão de entrada de Guarulhos, depois subindo a Dutra, a Olivetti, lá em cima, a Borlen e, descendo, chegando no Parque Novo Mundo, contornamos por baixo da Dutra e começamos a retornar no sentido Cumbica.

Rodovia Presidente Dutra - Guarulhos

A curiosidade aumentando, muitas perguntas e meu pai só dava risada e não falava nada.

Seguindo de volta, logo apareceu a entrada da fábrica de biscoitos Duchen e meu pai entrou em direção a Duchen e parou no estacionamento.

Vista aérea da Duchen

Muita gritaria de alegria e palmas, com aquele cheiro no ar de biscoitos, fiquei impressionado com o moderníssimo prédio projetado por Oscar Niemeyer em 1949 e inaugurado em 1951.

Vista interna da entrada da Duchen

Entramos na loja da Duchen e visitamos a fábrica por dentro .

Vista interna da fábrica Duchen

Após a visita, entramos na loja para experimentar os diversos tipos de biscoitos e, lógico, comprá-los.


Nunca comi tanto biscoito em minha vida, meus olhos e de meus irmãos, Milton e Yára, brilhavam de tanta alegria.

Levamos tanto biscoitos que distribuímos para nossos amigos em Cumbica.

Uma grande tristeza foi quando a Duchen faliu em 1968 e sua belíssima fábrica demolida, como se demolissem um sonho de criança.

sexta-feira, 16 de março de 2012

SARGENTO BUSTAMANTE, O PAVAROTTI DA BASP

Cassino dos SO e Sargentos - BASP

BASP - 1969

Sempre, próximo das 16:30 horas, no Cassino dos SO e SARGENTOS, hora do banho e todos corríamos para o corredor dos banheiros para escutar a cantoria do Sargento Bustamante.

Sua voz era pra dar inveja ao saudoso PAVAROTTI e seu porte físico lembrava o lutador de boxe, GEORGE FOREMAN.

Após a cantoria, todos aplaudíamos e gritávamos "BRAVO BRAVO" e ele se enchia de orgulho.

Numa noite, no cinema da Base, antes da projeção do filme, apresentou-se a Banda da Base no palco e maravilhosamente tocou O GUARANI e em seguida...surpresa...


Cinema da BASP


Os acordes da ópera O BARBEIRO DE SEVILHA e entra no palco com sua farda impecável o Sargento Bustamante e nos deixou extasiados com sua interpretação e sem microfone.


SO Bustamante à direita


Ao término, todos em pé o aplaudia... BRAVO !! BRAVO!!

Realmente foi espetacular.

Que saudades !!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Nosso Estádio "Cascudão" - campão !



Já estávamos cansados de tanto jogar futsal e tivemos a idéia de ter um campo de futebol na própria Vila dos Sargentos e para isto falamos com nossos pais para que eles pedissem ao Comando da BASP para fazê-lo e até já havíamos escolhido o local.

No final da Av 2, ficava o "campão"


O meu pai, Sgto Adalberto, o Sgto Garcia, e o Sgto João Alves foram ao Comando da BASP, fizeram o pedido e conseguiram o que tanto desejávamos naquele momento.

O Comando da Basp enviou uma equipe de trabalhadores, um Guindaste, uma Patrol (Motoniveladora), um Caminhão Basculante e uma Retro Escavadeira para a preparação do campo, equipe esta que iria preparar também o terreno para a construção das novas casas da AV 3 e Av 4.


Inicialmente, demos um nome ao campo de Cascudão, pois ele era todo cascudo, rala-côco, só no saibro e sem grama. Quando pronto, passamos a chamá-lo de "campão".

Antes mesmo da obra ser concluída já fazíamos umas prévias com os nossos rachas lá. E juntos com a piãozada da obra, ao entardecer, nas sextas-feiras, quando eles largavam mais cedo para receberem o pagamento, o "Couro Comia", treinávamos  nosso time contra o deles. Eles jogavam de botina e nós de Keds ou descalços.

keds

O nosso time, geralmente era o mesmo...eu, o Milton, Cláudio, João Alves, Ricardo, Marcão, Cuíca, Chico, Tênison Travassos, Celso, o Lucélio no gol, e outros q às vezes pegávamos p completar o nosso time, o Roberto, Beco, Vanderlei. O sheik com sua calça amarela era sempre o nosso juiz.

Para o dia da tão sonhada inauguração do nosso "Cascudão", marcamos um jogo contra a própria piãozada da obra, com direito a torcida organizada e tudo, pois eles diziam ser melhores que a gente (talvez por eles serem adultos e nós moleques ainda), e queríamos provar que nós éramos os melhores.

O grande dia chegou... muita torcida organizada a nosso favor, todas as Meninas de Cumbica estavam lá. Até a Lina e o Pitoco com suas filhotadas estavam lá!

Lina

Fizemos uma coleta, pois para um evento desses tinha que ter salgadinhos e refrigerantes, uniformes para o time, roupa para o nosso Juiz, o Sheik (pois aquela calça amarela diária do Sheik já estava manjada de mais) e uma linda taça pro time vencedor.

O nosso time estava completo, éramos os  mesmos dos rachas, o ritmo era de Copa do Mundo.
A nossa torcida organizada gritava nossos nomes, Lina e Pitoco uivavam e ficávamos até emocionados com os gritos histéricos das meninas!!

Bom...o jogo começou e o placar tava 2x0 para nós (eu e o Cláudio marcamos), o Lucélio, fechando o gol...defendia até com a cara. Eles estavam arregaçando o nosso time com suas botinadas, e nós de keds, alguns já descalços, pois o campo tinha muita poeira. 

Eles já haviam tirado uns 2 do nosso time. Fazíamos milagre para manter o placar.  Estávamos em desvantagem numérica, não tínhamos reservas para substituir os lesionados. Eles começaram a intimidar o Sheik (Juiz), que caindo na armação deles, marcou 2 pênaltis contra a gente e  convertidos por eles.

O placar marcava 2x2 e já na prorrogação. O combinado era que o time que fizesse o gol levaria a taça para casa. Caso o placar permanecesse,  haveria disputa de pênaltis.

Num determinado momento, faltando segundos pro término, um deles deu um chutão a queima roupa, indo a bola e a botina dele em direção ao gol. O Lucélio, ao agarrar a bola, não viu que a botina vinha em sua direção que violentamente bateu na sua cara, deixando-o quase desacordado, fazendo com que ele soltasse a bola e os adversários se aproveitando da situação confusa, fizeram o gol, validado pelo Sheik.

Lucélio

Partimos em direção ao Sheik (Juiz),  aos berros, chamando-o de ladrão,etc... quando todos do time deles vieram tomar as dores do Juiz. O circo pegou fogo e a pancadaria correu solta, botinada pra cá, porrada pra lá, e o sheik(juiz) disparou fugindo do local.

Quando a situação se acalmou, eles achando que iriam comemorar a vitória, o Cláudio disse:

<<Negativo >> 

Cláudio

Partiu em direção a taça, que com minha ajuda a sequestramos, deixando-os a "ver-navios".


Saímos correndo em direção a nossas casas casas e eles estão procurando a gente até hoje.

As meninas recolheram os refrigerantes e salgadinhos para um bailinho à noite.

O Sheik passou um bom tempo sem sair de casa, pois prometemos dar muitas chapoletadas nas orelhas dele.

E assim, inauguramos nosso campinho.

Campão !

segunda-feira, 12 de março de 2012

Os ovos de Páscoa e a cabeça da boneca da Yára

E a páscoa estava chegando e nós em casa, eu, o Milton e a Yára muito ansiosos imaginando os ovos de páscoa que iríamos ganhar, o tamanho, o colorido do papel, o recheio que eu preferia que fosse um brinquedo.

Eu, com 6 anos, o Milton com 7 e a Yára com 5, não conseguíamos imaginar como o "coelho da Páscoa" iria trazer ovos tão grandes, já meio desconfiados, procurávamos por todo canto da casa, revirando gavetas e armários até cansar. Lógico que a bronca e castigo vinham, mas valia a pena continuar tentando.

Numa noite, meus pais foram ao cinema da Base e foi o bastante para reiniciarmos as buscas, porém não encontramos nenhum vestígio dos ovos de páscoa, mas encontrei uma boneca da Yára, um bebê de borracha que os olhos mexiam pra cima ou para baixo dependendo da posição dele e nisso de fazer abrir e fechar os olhos tive uma idéia um tanto "sinistra".


Como na casa da Vila havia um corredor grande, eu disse para o Milton que poderíamos jogar bola nele, fazendo um "gol a gol", mas o Milton perguntou:
<< Com que bola se não temos? >>
Eu disse pra ele...
<< A Yára empresta o bebê e eu tiro a cabeça dele pra jogarmos bola >>
Dito e feito, mesmo com a Yára não querendo emprestar o bebê dela, tirei a cabeça dele e iniciamos o jogo.

Chute pra cá, chute pra lá, por diversas vezes até cansarmos e a Yára bronqueando com a gente.

Finalmente, para atender a Yára que estava ameaçando a chorar, recoloquei a cabeça do bebê no lugar, porém os olhos deles ficaram vesgos de tanto chutes.

Aí sim a Yára começou a chorar sem parar de ver o bebê vesgo e eu tentei arrumar de todo jeito, mas os olhos não me obedeciam, ficavam sempre vesgos e eu e o Milton percebemos a encrenca em que entramos e um começou a culpar o outro.

Eu era o culpado por dar a idéia. O Milton era culpado por aceitar a idéia. E a discussão não acabava até que nossos pais chegaram e viram a Yára chorando.

Nesta noite, eu e o Milton aprendemos a "sambar" de tantos cascudos e chineladas e finalmente o castigo.

Prima Maysa, Yára, Milton e eu

No dia seguinte, eu e o Milton de castigo, sem poder sair à rua, sem ver televisão ou brincar, ficamos sentados na sala de jantar um olhando para a cara do outro arrependidos e o pior é que a Yára passava pelo lado de fora com o bebê já consertado pelo meu pai, olhando a gente de castigo pela janela, ficava mostrando a lingua e falava: << bem feito !! >>.

A casa da Vila dos Sargentos em Cumbica

Eu disse pra ela esperar outro dia que eles fossem ao cinema e iríamos jogar bola com a cabeça do bebê até os olhos saírem rolando pelo chão. A Yára começou a chorar de novo falando o que eu disse e novos puxões de orelha me fizeram desistir da idéia rapidinho.

Yára à esquerda, meu pai ao centro, eu dentro no avião NA-T6 da FAB e a prima Sandrinha

Quando tudo voltou ao normal, com nossos pedidos de desculpas, reiniciamos a busca dos ovos de páscoa até desistirmos de vez.

Quando chegou finalmente o Domingo de Páscoa, ao acordarmos vimos pelo chão do quarto vários pedaços de cenoura e restos de capim. Seguimos os pedaços de cenoura pela casa e descobrimos atrás da cortina da sala três maravilhosos ovos de Páscoa e saímos gritando pela casa e pulamos na cama dos meus pais mostrando os ovos.

Foi um Domingo maravilhoso e logo nos arrumamos para passarmos a Páscoa na casa de meu avô Paulino.

Ah!! ganhamos uma bola de futebol do meu pai para não chutarmos mais a cabeça do bebê  da Yára e com esta bola, aprendemos a jogar futebol.

Mas que aquela cabeça era legal, era sim...e muito! Não contem para a Yára !

Yára



sábado, 10 de março de 2012

UM DIA QUE NÃO DEU CERTO

Sempre após as aulas e tarefas de casa, íamos jogar futebol na quadra de vôlei que ficava entra a Av 1 e Av 2 na Vila dos Sargentos.


Foto recente da antiga quadra


Bem abaixo da quadra, numa das casas, a do Sgto Machado, havia uma linda e maravilhosa árvore, uma pessegueira, carregada de pêssegos amarelinhos e sempre que possível, chutávamos a bola no quintal e ao buscar a bola, surrupiávamos um pêssego e junto com ele vinha uma tremenda bronca da esposa do Sgto Machado, mas valia a pena. E a bola ia caindo sucessivamente até cada um pegar seu pêssego e levar a sua bronca.




Num destes dias, o Cláudio soube que os moradores estavam viajando e logo disparou seu arauto comunicando toda a turma e lá fomos nós jogar nossa pelada diária já preparados para a merecida visita à pessegueira: eu, o Cláudio, o Lucélio, Milton, João Alves, Flávio Almada, Ricardo, Alexandre, Roberto, Beco, Marcão, Sheike, Vanderlei , Wade Piccinini e Ivo Pozzoli.


Sgto Machado, acima do segundo em baixo, com cigarro na boca

Quando o futebol acabou, todos saímos numa disparada até a árvore e o João Alves já estava preparado com um saco e nós iríamos improvisar com a camisa para carregar os pêssegos.

Eu, o Cláudio e João Alves, escalando rapidamente, já estávamos nos galhos mais altos, alguns nos galhos intermediários e outros na parte mais baixa da árvore. Uma verdadeira invasão, de tal maneira que a árvore estava vergando devido o peso dos meninos.

Mas... (sempre aquele famoso "mas")... de repente, um berro e lá em baixo estavam o Sgto Machado e a sua esposa esbravejando contra a invasão dos meninos.

A turma que estava na parte intermediaria e na parte baixa, pulou e saiu rapidamente do local e nós três na parte de cima, ficamos pedindo a Deus para criarmos asas para voar.

O Sgto Machado  começou a balançar os galhos para nós cairmos mas o que despencava era um monte de pêssegos e o João gritava: << ooooooopaaaaa, lá vai pêssegoooooo !!>> e o homem ficava cada vez mais irado.

Numa providencial pequena parada de balançar a árvore para ir pegar um bambu  e uma corda que havia no local, eu e o Cláudio descemos, pulamos fora da árvore correndo e gritando: "cebo nas canelas", porém o João ficou lá em cima protegendo as frutas que havia colhido.

O Sgto Machado amarrou a corda no galho em que o João estava e começou a vergá-lo e o João gritava: << " lá vai pêssegooooooo " >> mas quem veio abaixo foi o João junto com o galho que quebrou.


Ao cair ao chão, todos os pêssegos colhidos se esparramaram e ele saiu numa disparada para não ser pego.


Como estávamos todos acima do barranco da casa, começamos a vaiar e o Sgto Machado muito bravo saiu correndo atrás da gente, porém já estávamos bem longe. 


O fato é que a esposa do seu Machado colheu todos os pêssegos caídos e nós não conseguimos  nenhum.


Depois de um amargo castigo de 15 dias sem cinema e futebol, por um bom tempo deixamos de jogar futebol na quadra, depois retornamos, jogamos, o tempo passou, a árvore carregou de novo e nós, desta vez, num acordo com o Sgto Machado, subimos na árvore, colhemos os pêssegos e dividimos em partes iguais, mas assim, os pêssegos não eram gostosos.


Haja pêssegos pra esta turma !



quarta-feira, 7 de março de 2012

FRUTEEERÔOOO...FRUTEEERÔOOOO !!!

Ah que legal!!!...quando aparecia o seu Antônio em sua carroça, vindo do bairro de São Roque em Guarulhos, com um cavalo pangaré, carregada de frutas e legumes, gritando e tocando a buzina de ar:


<<FRUUUTEEERÔOOO...FRUUUTÊEERÔOOOO >>

Ele parava sua carroça em frente de casa e minha mãe vinha com uma cesta para comprar as frutas, muitas laranjas, mamão, manga e outras frutas da época.

Nesta parada, eu aproveitava para dar água ao pangaré e pegava alguns feixes de capim gordura muito comum em frente de casa.

Vila dos Sargentos-Cumbica

Após isto, saía seu Antônio de novo pela Vila buzinando aquela corneta com uma bexiga na ponta e
gritando:

<<FRUTEEERÔOOO... FRUUUTÊEERÔOOO>> (FOOMMM...FOOMMM)
Pronto. Minha missão estava cumprida e o retorno era sempre o esperado.

Após algumas horas, a carroça do seu Antônio estava quase vazia, pois vendia praticamente tudo e ao passar de novo em frente de minha casa, em agradecimento por ter tratado do pangaré, eu ganhava um cacho de bananas e sai comendo pela Vila, e isto tornara-se uma constante.

O problema é que a concorrência aumentou, pois alguns meninos perceberam e também começaram a tratar do pangaré e minha cota de fruta diminuiu, porém o pangaré ficava a cada semana mais bonito com o tratamento.

Um dia soubemos que o pangaré do seu Antônio havia morrido devido a sua idade já avançada e o seu Antônio havia ficado doente por causa da morte do cavalo e algumas semanas se passaram sem a presença dele e para substituí-lo começou a vir outra pessoa com um caminhão muito velho e malhado para vender frutas e isto nos deixou muito tristes.

De repente o caminhão não passou mais na Vila e para comprarmos frutas tínhamos que ir até Guarulhos numa quitanda ou feira.

Uma coisa que seria tão banal, na verdade sentíamos falta do seu Antônio pois sua presença já era muito familiar.

O tempo passou, alguns meses e num belo dia ouvimos aquela buzina e o grito

<<FRUTEEERÔOOOO...FRUTEEERÔOOO>>

Todos corremos ao seu Antônio mais para saber dele, da saúde, do ocorrido e a carroça ficou "ilhada" de vizinhos cumprimentando seu Antônio e ele disse que estava vindo para Cumbica quando seu pangaré passou mal e morreu em plena avenida Monteiro Lobato, deixando-o totalmente desolado e deprimido pela morte do companheiro. A demora do retorno foi por causa que o "filho" do pangaré ainda muito novo foi bem tratado até ficar forte e pronto para ocupar o trabalho do "pai".


Após esta história, corri pegar água para o novo pangaré e capim gordura e isto se repetiu por muitas vezes pela Vila. Só que neste dia, acompanhamos o seu Antônio até o fim das vendas de frutas e o seguimos até ele sair pelo Portão 2 que ficava no fim da Av 1, na Av Monteiro Lobato.

<<FRUTEEERÔOOO...FRUTEEERÔOOO>> (FOOMM ... FOOMM)

segunda-feira, 5 de março de 2012

FOTOS NASA DE CUMBICA 1958

Vista da pista ao centro, com os Esquadrões do 1º e 2º/10º GAv acima e o Esquadrões de Adestramento e Suprimentos e Manutenção (ESM) abaixo.

Foto comparativa da BASP hoje. A lagoa e o prédio do Comando em destaque.


A mesma foto acima 1º e 2º/10º e ESM

Ao centro a lagoa, bem acima da lagoa os cassinos dos Oficiais e o antigo cassino dos Sargentos logo à direita na beira da lagoa. Acima à direita o hangar duplo (ESM) e acima à esquerda, o cinema da Base e à sua frente a estação de trem. à direita os prédios da IG, futuro cassino dos sargentos, Hospital da Base e mais abaixo à direita a EAOAR.

Vila dos Sargentos somente com as Avenidas 1, 2 e 3 e à direita, os apartamentos

A lagoa ao centro com o antigo Cassino dos Sargentos acima dela e logo à esquerda o Cassino dos Oficiais.
 O prédio do Comando acima, após a praça e à esquerda o Cinema, a estação de trem á sua frente e ao lado do cinema o Almoxarifado. O rancho à direita do antigo Cassino dos Sargentos.


Vista do prédio do Comando ao centro. O campo de futebol e ao seu lado esquerdo a Garagem.

Esquadrões do 1º e 2º/10º GAv e ao lado direito a Torre e os Bombeiros

Atrás dos 1º e 2º/10º GAv, a fazendinha da Base e à esquerda o Xadrez

Bem ao centro da foto, a "represinha". Bem à direita, o Grupo Escolar Ribeiro de Barros e as casas da Vila dos Oficiais


À esquerda com um "sinal" em azul, a ponte do Rio Baquirivu e à direita a Vila dos Sargentos.