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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O PREÁ E O ESCORPIÃO

Bem acima de minha casa na Vila dos Sargentos, entre a Av 1 e Av 2, havia um gramado que transformamos em campinho de futebol. O problema do campinho é que ele era inclinado e jogando a bola no alto do campo, ela descia sozinha e tínhamos que correr atrás.

Vista do campinho inclinado (local real)

O gol de um lado era um poste de eletrecidade que era seguro por um cabo de aço e este espaço entre o poste e o cabo era a largura do gol. Do outro lado, era dois montinhos de camisas que tirávamos, com o mesmo espaço do gol do poste, portanto, time de camisa contra o time sem camisa que era escolhido num par-ou-ímpar.

Sempre à tarde, lá pelas 16 horas, depois da tarefa escolar, íamos de casa em casa chamar os amigos para o futebol e o Dique junto.

Depois dos times escolhidos, iniciávamos o jogo e o Dique ficava ao lado fuçando as moitas.

Num destes jogos o Dique resolveu participar e saiu correndo atrás da bola, pegando-a e sempre que tentávamos tirar a bola dele ele mordia nossos pés e nesta balbúrdia, o Dique atravessava o campo com a bola entre as patas quando de repente parou com a cabeça na altura do chão e a anca traseira alta abanando o rabo. Parou de se mexer, inclusive o rabo, e numa disparada maluca, latindo, num vai e vem frenético, atravessou o campo atrás de um preá.


Disparamos numa gritaria incrível todos atrás do Dique e do preá que foi em direção ao gol do poste e lá chegando, com Dique bem perto, num salto o preá pulou no poste e voltou por cima do Dique, num verdadeiro "looping" e o Dique também tentou a mesma tática mas caiu de costas e nós em cima dele num alvoroço total.
Foi o que bastou para o preá sumir de nossas vistas pelo mato.

Enquanto alguns procuravam o preá, vi meu pai chegando em casa com a DKW Vemaguet, entrando na garagem de casa.

Desci correndo pra casa e o Dique junto e logo começou a festejar a chegada do meu pai pulando e latindo.

Foto real de minha casa em Cumbica

Às vezes, de surpresa, meu pai pedia toda nossas malas escolar (naquela época era uma mala de couro) e conferia todo o material, os cadernos, as lições minhas e de meus irmãos e satisfeito elogiava nosso empenho ou, quando alguma coisa ia mal, ficava até tarde da noite explicando a matéria e o Dique ficava em silencio deitado em baixo da mesa até acabarmos.


Neste fim de tarde, o Milton pediu ajuda do meu pai nuns exercícios de Matemática e após a ajuda, meu irmão continuou fazendo mais alguns exercícios sozinho.

De repente, ouvimos um grito forte do Milton e saímos todos correndo até a sala de jantar onde ele estudava.  O Milton chorando e gritando disse que um escorpião o havia picado. Depois de examinar as mãos de meu irmão, meu pai disse que não havia sido picado. Após muitas buscas, encontramos o escorpião, amarelo e preto e meu pai o pegou e o colocou dentro de um num vidrinho com álcool e fomos para o Hospital da Base.

No Hospital, falando para o médico de dia, o Milton disse que havia confundido o escorpião com uma borracha escolar e pegou-o na mão.
Após exames, o médico liberou-nos dizendo que nada havia ocorrido com o Milton.

Em casa, no dia seguinte, meu pai examinou tudo em redor da casa e descobriu que o escorpião havia saído de um buraco do barranco atrás de casa e subiu pela janela, justamente onde eu brincava com meus carrinhos, pois neste buraco saíram mais escorpiões, todos eliminados.

Todo orgulhoso de sua façanha de pegar o escorpião com a mão, o Milton levou o vidrinho com o escorpião para a escola e todos queriam ver e eu continuei a brincar na minha "Estrada de Santos", só que bem desconfiado dos buracos...

Milton

 

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