-- O que? só nós dois pra tirar um motor? perguntei meio assustado.
Meu pai rindo, disse " Amanhã você vai ver ".
Amanheceu aquele sábado ensolarado e eu e meu pai fomos para a Vemaguet.
Ficou combinado que enquanto ele vai em baixo do carro, eu iria soltando as mangueiras, correias parte elétrica e soltando os parafusos do cabeçote do motor.
Feito isto, meu pai saiu de baixo do carro, havia soltado os parafusos que prendiam o motor ao chassi, com os coxins, pegou uma tora de madeira de uns 3 metros, encaixou entre duas correntes de aço previamente fixadas ao motor e eu de um lado, ele de outro, levantamos o motor até ele sair do habitáculo e o colocamos ao chão.
Retirado o cabeçote do motor, eu iniciei a retirar o carvão que estava incrustado nas cabeças dos pistões deixando os totalmente limpos, com o alumínio quase brilhando.
Remontamos o motor e o recolocamos no habitáculo, fixando todos os componentes mecânicos e elétricos.
Tudo pronto...dada a partida e o motor para nossa satisfação funciona perfeitamente, como um relógio bem regulado.
Habitáculo do motor DKW
Este fato, com os ensinamentos de meu pai, estava sendo definido o meu futuro, pois quando me formei em Engenharia, direcionei toda minha vida profissional para a Indústria Automotiva.
Como eu estava com 14 anos, depois deste trabalho, ele me ensinou a dirigir, coisa que em pouco tempo eu já dominava perfeitamente a Vemaguete e levava minha mãe ao Reembolsável (mercado da BASP) quando meu pai viajava.
Certa vez, eu lavando a Vemaguet ao lado de casa, de repente, numa para de descanso, fui até o meio da rua e olhei lá embaixo na AV-3 ...
As casas lá embaixo na Av-3...eu à direita
... e , por algum motivo que ainda não sei, a Vemaguete começou a andar sozinha, pois havia um desnível entre a lateral da casa e a rua. Corri para frente da Vemaguete para segurá-la, porém como eu estava molhado, fui escorregando junto com ela para o barranco em frente a rua. Chegando perto do barranco, cai numa saliência do barranco e a Vemaguete, passando por cima de mim sem me tocar, desceu sozinha o barranco em direção às casas da Av-3.
Levantei correndo e me agarrei no parachoque traseiro dela e fui sendo arrastado e gritava..
Como, por sorte, o capim gordura estava muito alto e no caminho havia um tambor de 200 litros deitado, o carro passou por cima dele e o prendeu por baixo, parando o carro.
Desnível da lateral da casa em relação a rua
(não havia o portão e a construção ao lado esquerdo da casa)
Lá no alto, na Av 2, vi o João Casal que passava por ali, estarrecido com o que acontecia.
--- A menina, pai....a menina!!
Ele desesperadamente foi em baixo do carro e não encontrou nada.
Os colegas de meu pai, vendo o acontecido, correram pra ajudar...levantaram o carro e retiraram o tambor de baixo.. meu pai deu partida na Vemaguete e subiu de volta para casa sem qualquer arranhão ou danos na Vemaguete.
Após, todo arranhado e assustado...fui levado ao banheiro para um banho e lá, tremia muito e chorando, soluçando eu falava ao meu pai...
--- A menina, pai...a menina, pai...
Meu pai entrou de roupa e tudo e me abraçando disse que estava tudo bem, que era apenas um tambor de óleo.
Serviu-me a lição de que jamais devemos confiar num carro, pois em desatenção ou descuido um acidente grave pode ocorrer, pois eu deveria ter também calçado as rodas da Vemaguete e não só puxar o freio de mão.
Minha DKW Vemaguete