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terça-feira, 6 de setembro de 2011

MEU PRIMEIRO ENCONTRO COM DEUS

Um dia, em 1958, eu com quase 6 anos de idade, amanheci com dor de garganta e muita febre, que não cedia. Com a febre na casa dos 40 graus, logo cedo meus pais me levaram ao Hospital da BASP.

O diagnóstico do médico da BASP foi de suspeita de Crupe (difteria).
O crupe é uma infecção viral contagiosa dos canais respiratórios superiores que provoca dificuldade em respirar, sobretudo ao inspirar.
O crupe provocado pelo vírus da gripe pode ser particularmente grave e ocorre com maior frequência nas crianças entre os 3 e os 7 anos de idade. A doença costuma transmitir-se ao respirar microgotas transportadas pelo ar que contêm o vírus ou então através do contacto com objetos infectados.

O médico da BASP recomendou enviar-me imediatamente para o Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, especializado em doenças graves transmissíveis, para a confirmação do diagnóstico e tratamento.

Fachada antiga (1958) do Hospital Emílio Ribas em SP

A caminho do Hospital, já nas proximidades, na Av 9 de Julho, a febre aumentou mais ainda e entrei em convulsão.

Naquela época, meu pai tinha um automóvel Opel kapitan e disparou em direção ao Hospital, entrando direto na área de Pronto Socorro, e, naquele desespero de minha mãe, os médicos retiraram-me do colo dela e entraram direto na UTI da ala restrita a estes casos.



Meus pais ficaram aguardando por horas o retorno dos médicos com a informação: "seu filho está realmente com crupe, o estado é muito grave, ele está em coma e precisamos de autorização de vocês para iniciarmos o tratamento com anti-biótico que pode salvar, porém normalmente causa sequelas em algum orgão da criança e provavelmente será necessária uma traqueostomia (abertura na garganta para permitir a respiração)".

Autorização dada, os médicos informaram que eu ficaria internado por tempo indeterminado e, no estagio avançado da doença, a situação era de muita gravidade. Recomendando a eles retornarem pra casa, forneceu o telefone do Hospital para contato e solicitou o telefone do Hospital da BASP para algumas providências.

As providências foram isolar por dois dias a minha escola dentro da Base para desinfecção e ao retornar às aulas todos os pais de alunos da escola deveriam informar ao Hospital da Base qualquer gripe forte com febre por um período de quarenta dias, inclusive as crianças da Vila dos Sargentos. A desinfecção, inclusive de minha casa, foi efetuada por equipe em conjunto com Hospital Emílio Ribas.

Em desespero, minha mãe não parava de rezar, principalmente à Nsa Senhora das  Graças e a Jesus, chegando a desfalecer.

O meu pai foi dispensado dos serviços naquele período e no primeiro dia após a internação já ligou ao Hospital e a informação era: "situação inalterada, favor ligar amanhã".

No segundo dia, outro telefonema e a informação " situação inalterada, favor ligar amanhã".

No terceiro dia, de madrugada, minha mãe conseguindo dormir, sonhou com a Nsa Senhora que disse: "Guiomar, acalme-se".
Minha mãe acordou em desespero, gritando que eu havia morrido devido àquela mensagem do sonho.

Nsa. Senhora das Graças

Logo pela manhã, meu pai ligou ao hospital e a enfermaria mandou-o aguardar porque o médico queria falar com ele. As palavras do médico:  "seu Adalberto, o Edson reagiu muito bem, acordou, passou a noite sem febre, os sinais da crupe desapareceram e, se continuar assim, dentro de quatro dias ele poderá receber alta".

Numa explosão de alegria, os dois choraram muito e rezaram agradecendo Jesus e Nsa Senhora das Graças.

 À tarde, o Hospital ligou informando que eu poderia receber visita, mas sem eu saber, olhando por uma janelinha da porta.

No quarto dia, eles foram ao Hospital me visitar e me viram pela janelinha brincando no chão da enfermaria com brinquedos e várias crianças. Eu vi que muitas pessoas olhavam pela janelinha, mas não conseguia identificar quem eram.

A sala da enfermaria era muito grande, com várias camas, uma ao lado da outra, sendo ao fundo os banheiros e lavatórios.

Numa das visitas do médico para verificar minha garganta e temperatura, ele disse "Edson, vejo que você está muito bem e logo poderá voltar pra casa. Você sente alguma dor, alguma coisa?"
Eu respondi: " olha...você está vendo esta tomada ao lado de minha cama? ela está me deixando enjoado porque parece "bucho". dá pra me tirar daqui? (a tomada tinha um desenho em relevo em formato de favos de mel, que parecia um pedaço de bucho e eu sempre detestei bucho).
O médico dando risada pediu que a enfermeira me mudasse de cama, fato este que assustou a minha mãe na visita deste dia, pois minha cama estava sem as colchas, mas logo foi informada do fato.

No quinto dia, fui levado para o primeiro banho e eu já chorava de saudades de casa.

No sexto dia o Hospital ligou para meu pai avisando da alta no dia seguinte.

No sétimo dia, com a alta, meu pai e minha mãe no caminho do Hospital pararam numa loja de brinquedos e compraram um enorme caminhão de madeira.

Eu estava na enfermaria, já de banho tomado, quando veio a enfermeira com o caminhão na mão com minhas roupas e ela disse: "Edson, o papai e a mamãe estão aí pra te levar pra casa. Coloque estas roupas".
Num salto de alegria, coloquei minhas roupas, e uma blusa de lã branca com listas cinzas que jamais esqueço. Agarrei meu caminhão e fui em direção àquela porta da janelinha.



A porta se abriu e corri para os braços de meus pais, nós três chorando de felicidades.

Antes de sair, a enfermeira me chamou e à minha mãe e ensinou como pincelar a minha garganta com Colubiasol durante os próximos 15 dias e recomendou nestes dias nada de sair de casa e de tomar friagem.

Alegres no carro de volta pra casa, eu disse ao meu pai: " pai...passa em Guarulhos, naquela igrejinha do Macedo...Jesus pediu que eu fosse ao sair do hospital pra lá...pra agradecer a Ele"

Espantado, meu pai foi direto pra Guarulhos e chegando em frente a Igreja, desci do carro com minha mãe.

Subimos alguns degraus de escada até a porta que se encontrava fechada. Eu disse: "mãe, não tem problema, eu agradeço daqui mesmo"...ajoelhei nos degraus e disse " obrigado Jesus".

O templo é a "Capela do Bom Jesus", no bairro do Macedo em Guarulhos e fomos pra casa.

A Capela do Bom Jesus ao fundo, em azul


Muitos abraços e beijos de meus irmãos, jantamos felizes e dormimos...

No dia seguinte, de manhã, bem cedo, com a normal neblina de Cumbica, levantei, coloquei minha roupa, minha blusa e fui brincar com meu caminhão....para o susto de todos.....mas, eu estava curado, Graças a  Nossa Senhora e a Jesus.

Nenhum outro caso houve em Cumbica naquela época, não houve necessidade da traqueostomia e como sequela da doença, devido ao antibiótico, tive perda de 40% da audição.

3 comentários:

  1. Acredito na medicina dos médicos, mas acima de tudo acredito no poder do milagre!. Tb estive internada no H.Emilio Ribas no ano de l954 com 7 anos e meio de idade. com Tifo,grvemente enferma fiquei internada uns 40 dias ou mais. Meua avós e meus pais pediram uma grande graça. Numa das visitas da minha mãe e avós,um médico que cuidava de mim deu a a grande notícia. que eu havia depois de quase um mês saido do coma e tendo leves melhoras. Dali em diante graças a Deus o milagre aconteceu. Continuei a recuperação em casa... Me emocionei com o seu relato, por isso pensei em colocar tb meu testemunho. Hoje tenho 65 anos e continuo agradecendo a Deus pela minha vida e tb aos médicos Que o Senhor abençoe a todos que oram para que o milagre da vida continua.Agradeço a nªSª Aparecida por este grande milagre.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Exatamente...são duas doenças de muita gravidade.
      médicos deste hospital são abençoados por DEUS pelo dom da cura.

      Rendemos Graças a DEUS por nossa cura.

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