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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

VIAGEM DE FÉRIAS PARA PORTO ALEGRE - TRI LEGAL

Meu pai havia comprado a DKW Vemaguet novinha em 1962 e em Janeiro de 1965 resolvemos fazer com ela uma viajem, de certa forma histórica, para Porto Alegre, Rio Grande do Sul, sua terra natal, para visitarmos nossos parentes gaúchos.


Um viajem de 1.150 km pela BR-2, atual BR-116, Via Régis Bittencourt,  com a duração de aproximadamente 28 horas, pois alguns trechos ainda se encontravam em obras.

Carro preparado, com dois estepes reserva, sendo um deles colocado num bagageiro na capota. A previsão era dormirmos num hotel na cidade de Vacaria, no Rio Grande do Sul.

Viajem iniciada às 05 horas da manhã, numa alegria contagiante de todos.
Atravessamos a cidade de São Paulo, seguindo pela Av 9 de Julho e pegamos a estrada pela cidade de Taboão da Serra.
O trecho inicial da estrada bem conservado, a DKW cumpria seu trabalho de forma brilhante, variando sua velocidade entre 80 e 100 km por hora.  Descemos bem a Serra no trecho paulista e seguimos para Registro onde paramos para um café reforçado.

Em Registro, a paisagem de montanhas mudou para paisagem de plantação de bananas, longo trecho.


Quando entramos no Estado do Paraná, antes de Curitiba, já observamos muitas árvores Araucárias, típicas da região.
Árvores Araucárias

Paramos para almoçar em Mafra, Santa Catarina, e seguimos em direção a Vacaria no Rio Grande do Sul para pernoitarmos num hotel.
Porém...quando estávamos chegando na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, vários caminhões do Exército estavam parados no acostamento e logo, um grupo de soldados nos pararam.
Meu pai mostrou seus documentos como militar da FAB e o soldado dando continência avisou:

"Sargento, a ponte da divisa do Rio Pelotas desmoronou com a enchente do rio e a passagem terá de ser feita por ponte emergencial do Exército, porém como está anoitecendo, ela está interditada por motivo de segurança até ao amanhecer, entretanto, o senhor poderá estacionar seu carro com a família bem próximo a ponte de emergência que colocaremos um soldado tomando conta de vocês. Podem dormir tranquilos"

Esta ponte desabou no Rio Pelotas em Janeiro de 1965, com o engenheiro que a projetou em cima dela quando a inspecionava e dizia: "Nem Deus derruba esta ponte". O Engenheiro desapareceu nas águas da cheia do rio.

Prevenidos, comemos um lanche previamente preparado por minha mãe. Meu pai rebateu os bancos traseiros da Vemaguet, minha mãe colocou cobertores no assoalho rebatido dos bancos e dormiram atrás meu pai, minha mãe e minha irmã. Nos bancos da frente dormimos eu e meu irmão, isto depois de muita farra e papos.

O problema é que a cada duas horas trocava a guarda e a noite seguiu assim:
22 horas "toc...toc(na janela) - Sargento, soldado fulano se apresentando, pode dormir tranquilo"
24 horas "toc...toc(na janela) - Sargento, soldado ciclano se apresentando, pode dormir tranquilo"
02 horas "toc...toc(na janela) - Sargento, soldado beltrano se apresentando, pode dormir tranquilo"
04 horas "toc..toc(na janela) - ... Meu pai diz "estou tranquilo, mas vocês não me deixam dormir"
O soldado: " certo sargento, não vamos acordá-lo mais, boa noite "
05 horas comecei gritar dormindo "pai...pai...pai...um posto Shell, pode parar"
Meu pai rindo saiu pra fora do carro pra fumar e voltou pra dormir.
06 horas "toc...toc (na janela)- Sargento, a ponte abriu, pode atravessar quando acordar"

Meu pai acordou-nos, arrumamos o carro e atravessamos a ponte de emergência, em direção a Vacaria para o café da manhã.

Durante o trajeto, minha irmã começou a pedir que queria ir ao banheiro, mas na região havia somente mata e nada de posto de gasolina. Minha mãe disse ao meu pai: " Adalberto, vai mais devagar que vou procurar um local fechado pra eu ir com ela".
Escolhido o local, as duas entraram no mato. Passado algum tempo, as duas retornam com as calças regaçadas, com as pernas e pés sujos de cocô e minha mãe disse: "Adalberto, neste local vai muita gente"
Meu pai e nós dando gargalhadas tivemos que abrir todas as janelas e ir com as cabeça de fora do carro, pois o cheiro era insuportável e meu pai disse: " Guiomar, em mil quilômetros de estrada você escolheu logo este lugar!!!"

Chegando a Vacaria, num posto de estrada, o dono do posto cedeu o banheiro da casa para o banho de todos e logo após, um maravilhoso café colonial, com mais de 40 tipos de quitutes, entre tortas e doces, lotando a mesa, simplesmente maravilhoso o café.

Mesa de café colonial no Rio Grande do Sul

De Vacaria, seguimos direto a Porto Alegre onde fomos maravilhosamente recebidos pelos nossos parentes Getúlio, Neiva e nossos primos Yára Bauer e Victor Hugo. Uma casa maravilhosa, que como na maioria das casas de Porto Alegre, com uma bela parreira de uvas verdes e vermelhas que preenche toda a parte lateral da casa muito carregada com lindos cachos de uvas para nosso regalo e logo no dia seguinte, um tradicional churrasco gaucho no Clube Wallig onde meu tio Getúlio trabalhava como engenheiro e muitas brincadeiras com os primos.

Muitos passeios pela linda Porto Alegre: Rua da Praia, Estádio Beira Rio que estava sendo construído, o Estádio Olímpico, Ponte Elevatória do Rio Guaíba e Morro de Santa Teresa e praias Ipanema (Guaíba) e Tramandaí e nas serras gaúchas, Gramado e Canela.
Rua da Praia

Ponte do Rio Guaíba

Porto Alegre vista do Morro de Santa Teresa

Praia de Ipanema (Rio Guaíba)

Praia de Tramandaí

Gramado - Natal Luz

Gramado - Lago Negro

Canela - Igreja Matriz

Canela - Castelinho


Após estes passeios, retornamos a São Paulo pela estrada BR 101, via litoral: Torres-RS, Garopaba-SC, Florianópolis-SC, Blumenau-SC, Joinville-SC, Curitiba-PR, São Paulo-SP, Cumbica-Guarulhos.




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