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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

RIO BAQUIRIVU - O NOSSO RIO DE CUMBICA -

Um dos melhores passatempo dos meninos de Cumbica era andar pelas matas da Base observando os animais silvestres, passarinhos, tipo de árvores, frutas silvestres, insetos e rios.

Era muito comum encontrarmos cobras do tipo falsa coral, coral verdadeira e cascavel, abundantes naquelas matas.
Falsa coral (não venenosa)

Coral verdadeira (venenosa)

Cascavel

Havia um respeito entre as partes, não invadíamos seus ninhos e elas jamais nos atacaram.
Muitos insetos também eram comuns nas matas, as aranhas caranguejeiras, besouros enormes, gafanhotos, grilos e a horrível e enorme barata d'água.

aranha caranguejeira

a enorme barata d'água (do brejo)

Em frente à cabeceira da pista de decolagem de aviões havia um grande brejo que era causado pelo transbordamento do Rio Baquirivu em todos os Verões época das chuvas.

Neste brejo, além de vários pássaros e insetos, era o habitat desta barata voadora, que chega normalmente a uns 20 cm de comprimento, com garras fortíssimas. Na época de verão, sempre cerca das 18 horas, tínhamos que fechar as janelas de casa para evitar a entrada deste inseto, que neste período alçavam voo para acasalamento.  À noite, as vezes, escutávamos a batida na janela da frente destas baratas, que acabavam caindo no jardim e pela manhã matávamos estas baratas que felizmente não são ágeis como as comuns caseira.
Neste período de cheias, aproveitávamos para ir ao Rio Baquirivu para mergulhos de cima da ponte da linha de trem, linha esta que levava os militares para a Base de Cumbica.


Um dia destes, de verão bem quente, a turma se reuniu, eu, Milton, João Alves, Cláudio, Lucélio, Flávio (cocô), a Lina nossa cachorra e seguimos para o rio...
Saímos da Vila dos Sargentos, seguimos pela mata rasteira em direção à linha de trem, descemos o barrancão que exigia uma escalada a baixo de 30 metros até atingir a linha do trem da Base.

No ponto em azul à esquerda está a ponte do Rio Baquirivu.
À direita, a Vila dos Sargentos. Foto de 1958

Seguimos pela linha até chegar à ponte, no Rio Baquirivu. Descemos ao lado por uma pequena trilha e chegamos a beira do rio que em baixo da ponte vinha por uma corredeira e se espalhava num largo calmo e mais profundo. Lá, já vestidos de calção, tiramos as sandálias e camisas e subimos para a ponte.
Cada um, separadamente pra não cair em cima do outro, pulamos no largo mais profundo e a Lina, pulava junto. Num destes mergulhos, o João veio com um peixe na mão bem feioso, com uns bigodes estranhos e disse: " tem cascudo aqui "... e depois de muito cutucarmos o peixe, o devolvemos ao rio.

Cascudo

Nesta farra de mergulhos, e nadando, de repente, lá em cima da ponte, aparece desconhecido, visivelmente alcoolizado, cambaleando, falava naquele linguajar bêbado e caipira: "ei mulecada...pode nadá...mas animar (animal) não."

O João gritou ao bêbado:
" A Lina também pode nadar?"
Ele respondeu:
""Craru!!! ela num é animar!!!

Explodimos em gargalhadas e esta fala do bêbado virou nosso refrão:

"A Lina pode ir ao cinema?" ... ao Cassino? ... pegar gabiroba?
"CRARU!!!.....ELA NUM É ANIMAR !!! "

Na volta do banho no rio, após subir o barrancão, atacamos os pés de gabiroba...que delícia!!!

Gabiroba do Campo


3 comentários:

  1. Estudei no Claretiano de 65 a 72 e me lembro da turma da base. Vinham sempre em um ônibus azul.
    A descrição da ponte sobre o rio está magnífica. Está também na minha memória: certa vez, eu, meu pai e alguns conhecidos que já nem me recordo a identidade, fomos pescar nesse rio. Acho que deve ser o mesmo, pois a descrição de uma ponte para a linha do trenzinho da cantareira é inequívoca.
    O rio era estreito e tinha águas turvas; pegamos um monte de mandis, um peixe que possuía ferrões. Um garoto que estava junto levou uma ferroada de um dos peixes. Eu tinha menos de 10 anos de idade. Vão-se, assim, uns 48 anos... 48.
    Mas o rio era chamado de 7 pontes, pelo que me lembro. Seria o mesmo?
    Um forte abraço!
    Pedro Guimarães

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    1. Caro Pedro

      Com certeza é a mesma ponte, pois somente havia este rio que circundava a BASP. Também estudei no Claretiano em 65, na primeira série ginasial e era muito amigo do Irmão Sampaio que adorava jogar futebol de salão nas quadras da escola.

      Edson

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    2. Caro Edson

      Realmente, você tem razão! O único rio nas imediações da BASP é o Baquirivu.
      Ao ingressar no site do GEOPORTAL, que disponibiliza um mapa (um tipo de "gooqle earth" de 1958)formado com fotos aéreas do ano de 1958 da cidade de São Paulo e municípios vizinhos, encontrei o local exato da ponte ferroviária sobre o Baquirivu. Lá está ela, embora muito pequena, mas dá pra ver.
      Querendo conferir, entre no site www. geoportal.com.br, ingresse com as coordenadas -46.49120, -23.45450 no lado esquerdo da página, e clique no ícone 1958, em cima do lado direito. Depois de localizada, clique no ícone FOTO, ou 2008, para ver o mesmo local nos dias atuais.
      Hoje, o endereço do local é Av. Marginal do Rio Baquirivu, 680.
      As coordenadas da Estação de Cumbica, hoje utilizada como lavanderia da BASP, são: -46.47840, -23.44010.
      Essa Estação e a de Guarulhos são as únicas do ramal de Guarulhos ainda existentes. Em Vila Augusta existe apenas parte da antiga estação.

      Um grande abraço!
      Pedro

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