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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DIQUE

A norma da BASP para os residentes nas Vilas militares era que deveriam entregar a casa após seis anos de moradia, podendo retornar residir na Vila após um ano. Portanto, em Janeiro de 1963 mudamos para o bairro da Penha, em São Paulo e eu estava com 10 anos de idade.

Vila dos Sargentos - BASP

Eu fui transferido para o Grupo Escolar Santos Dumont, no centro da Penha; o Milton e a Yára para o Estadual da Penha, também no centro da Penha.

Fomos morar num conjunto de edifícios na Rua Padre Benedito de Camargo, que por coincidência estes edifícios pertenciam ao Prefeito de Guarulhos, Fioravante Iervolino, onde era proibida a presença de animais nos prédios.

Devido a isto, tivemos que dar nosso cachorro, o Dique, um  Terrier branco, para um colega de meu pai que residia em Guarulhos e isto foi traumático tanto para nós como para o Dique.


Mudar da Base foi muito triste, deixar os amigos, o meu telhado da casa onde eu vivia passando meu tempo e sonhos, foi realmente difícil para todos nós.

Passados alguns dias da mudança para a Penha, fomos informados pelo Sargento Almada que o Dique apareceu na Vila e passou a noite inteira chorando em nossa antiga casa, raspando as unhas nas portas querendo entrar.

O Sargento Almada com pena do Dique o recolheu e  meu pai, no dia seguinte o levou de volta para o novo dono.

A explicação é que ele escapou da casa em Guarulhos e seguiu pela Av Monteiro Lobato por 14 km e conseguiu encontrar nossa casa de Cumbica.

Minha casa em Cumbica

Nós sentíamos muitas saudades de nosso companheiro de muitas brincadeiras e um dia, passando de carro por Guarulhos, vimos o Dique solto dentro de um bar no Centro de Guarulhos. Meu pai parou o carro, gritamos por ele e ele disparou para dentro do carro nos lambendo e chorando. Todos nós choramos, mas tivemos que o levar outra vez para o novo dono.

Aquele ano demorou muito para passar e quando retornamos para Cumbica em Janeiro de 1964. Fomos morar a duas casas depois da antiga na Av 2 e o novo dono não mais quis nos devolver o Dique, pois já havia afeto do cachorro com os filhos dele e nunca mais vimos o Dique.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

É CARNAVAL EM CUMBICA

                                                 
É Carnaval, tempo de alegrias, de fantasias, de marchinhas, de confete e serpentina e não poderia ser diferente em Cumbica.
O Cassino do Suboficiais e Sargentos todo enfeitado.

Cassino - parte de cima os salões de Carnaval

5 noites e uma matiné, de sexta à terça feira...ninguém poderia faltar e tudo estava preparado, as meninas de havaianas e os meninos de bermudas com camisas listradas vermelhas ou azuis.

A banda para os cinco dias de folia era sempre a banda da BASP que não deixava a alegria cair...

Quantos risos, quanta alegria...mais de mil palhaços no salão...

Pierrot está chorando pelo amor da colombina...no meio da multidão...
E assim se desenrolava todas as noites até as 4 horas da madrugada com o salão lotado.

Era tanta serpentina e confete no chão, que fazíamos montanhas deles e pulávamos em cima.


Quando de madrugada o sol começava a nascer, já estávamos totalmente molhados de suor e roucos de tanto cantar as músicas carnavalescas, mas já pensando no dia seguinte para outra noite de Carnaval.

                                       
                                                 clique para escutar as marchinhas de Carnaval

Até a Lua, já mandou nos avisar....
Que a noite é nossa..
Só até o Sol raiar...
Simbora nós dois...simbora nós dois...
O que se pode fazer agora não se deixa pra depois!

Era o sinal do fim daquela noite e o salão até tremia de tantos pulos e encerrava com um frevo.

Em 1969, o Clube dos Sargentos foi fundado na Vila e os carnavais passaram e ser realizados no Clube, porém a alegria continuou a mesma.










domingo, 25 de setembro de 2011

NÓS VENCEMOS

Todos os dias, de segunda a sexta, havia um ônibus escolar que levava todos os filhos de militares da Base, de manhã e à tarde, para as escolas de Guarulhos, pois em Cumbica não havia escola com o curso ginasial.
Nossa turma estava dividida entre vários colégios existentes em Guarulhos, o Colégio Claretiano (padres), Colégio Monteiro Lobato, Colégio Presidente Kennedy, Colégio 9 de Julho, Colégio Virgo Potens (freiras), todos particulares e a maioria na Escola Estadual Conselheiro Crispiniano.


Os motoristas do ônibus escolar da Base, alternadamente, eram  Wilson e  Miguel, sendo que o Wilson permitia conversas, risadas e o Miguel, jamais. Com o Miguel não podia nem conversar baixinho que ele olhava pelo retrovisor do ônibus e gritava, num berro histérico, sempre chamando-nos pelo nome de nossos pais: ""ÔOO  ADALBERTO! ESTOU TE VENDO DAQUI, NEM TENTE, CALE A BOCA SENÃO VAI DESCER"", ou então: "ÔOO SEU GARCIA, QUAL É A GRACINHA?? TÁ RINDO DE QUE?? É BOM PARAR"".

Um dia, combinamos fazer um ruído com a boca fechada que quase o Miguel se arrebentou de raiva!
""HHUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM" todos juntos, sem parar.
Por mais que o Miguel olhasse pelo retrovisor, não conseguia identificar que estava fazendo o ruído:
""HHUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM".

Ele brecou o ônibus violentamente, saiu de seu banco e começou a gritar: "QUEM É O ENGRAÇADINHO?? ENQUANTO NÃO FALAREM NÃO SAIO COM O ÔNIBUS"...mas todos em silêncio...ninguém falou nada.
O Miguel voltou ao seu banco, começou a dirigir o ônibus e...
"HHUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM"
Outra brecada e ele virou para nós e disse "VOU DAR PARTE DE VOCÊS, VOCÊS ME PAGAM".
Voltou a dirigir e nós:
HHUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM" e foi assim até chegar em Cumbica.

Durante algum tempo o Miguel não mais dirigiu o ônibus e quando retornou, começou a permitir conversas, mas só baixinho.

Nos desfiles de 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil, era um maravilhoso colorido das cores das escolas, onde preparávamos os uniformes escolares sem qualquer mácula, perfeitamente passados.

Grito da Independência
O Claretiano, com seu uniforme verde e amarelo, o 9 de Julho branco com listas vermelhas e preto, o Monteiro Lobato, verde e branco, Virgo Potens, azul e branco, Kennedy vermelho e branco, Crispiniano em vermelho e azul.

Num destes desfiles, fomos com o ônibus da Base e como não haveria ônibus de retorno, combinamos todos nos encontrarmos após o desfile, no centro de Guarulhos, na Av D.Pedro II, em frente ao cinema.
O problema é que após o desfile bateu uma fome em todos e gastamos todo nosso dinheiro numa pastelaria e, portanto, sem como pagar o ônibus de volta.

A ideia foi pegar o ônibus de volta até o cobrador chegar para cobrar a passagem, já teríamos seguido um bom percurso de ônibus e desceríamos alegando ter perdido o dinheiro, porém demos azar, pois o cobrador veio logo no primeiro quarteirão. Descemos.

A solução foi seguirmos a pé, pela Av Monteiro Lobato, de Guarulhos até Cumbica, num percurso cerca de 14 Km e isto logo após um desfile foi uma verdadeira prova de resistência. Eu, Milton, Ricardo, Cláudio, Lucélio, João Alves, Flávio, Roberto e Raul, saímos de Guarulhos meio dia e chegamos a Cumbica 16 horas completamente esgotados, mudos e descalços.

Neste mesmo ano, 1969, o Milton, meu irmão e o Flávio Almada iriam prestar vestibular para Engenharia Mecânica e  não haviam muitas Faculdades disponíveis, sendo de muita dificuldade ser aprovado no vestibular.
Antes do fim do ano, vestibular feito e fomos saber o resultado que para nossa alegria, os dois foram aprovados e minha meta também já estava traçada em fazer o mesmo vestibular três anos após e com grande alegria também fui aprovado.
Engenharia
Milton Bartolo- Flávio Almada - Edson Bartolo

O Rubens Drumon, irmão do Roberto, em outro vestibular, entrou na Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica, em Barbacena-MG, o Celso Ávila entrou na Medicina de Santos, o Lucélio, Ricardo e Alexandre, Administração de Empresas.
Medicina
Celso Ávila

Lucélio Garcia - Ricardo e Alexandre Othechar

Matemática
Sílvio - Zeca

Escola Preparatória de Cadetes - FAB
Rubens Drumon


Escola de Especialista da Aeronáutica
Luis Washington
FAB

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O ÍCARO NA SEMANA DA ASA

E o nosso primeiro jogo de camisa de nosso time de futebol e futebol de salão, Ícaro começou a dar resultado com suas grandes vitórias.


Ícaro

A primeira vitória, contra um time de Guarulhos, conquistamos a taça da Semana da Asa de Cumbica.

Um dos time do Ícaro mesclado com Sargentos

Com este resultado, o Ten Gomes Neto passou a nos acompanhar em partidas oficiais, em disputas dentro da Base em Cumbica, no Parque da Aeronáutica em Santana e no CTA em São José dos Campos.

Como em jogos com o time do Parque da Aeronáutica quando usávamos jogos de camisa emprestadas da seção de educação física de Cumbica, éramos praticamente fregueses, com várias derrotas. Resolvemos desafiá-los com nosso próprio jogo de camisa, numa partida de futebol num gramado existente bem próximo da cabeceira da pista de aviões no Parque. O Ten Gomes Neto, nesta partida foi o Juiz.

Partida difícil, mas desta vez, bem equilibrado, num ataque nosso, logo o Cláudio fez o nosso primeiro gol.

Cláudio
No segundo tempo, um fato inusitado. Num ataque do time do Parque, bem nesta hora, um avião vem em direção a pista, descendo, cada vez mais e nós literalmente paramos meio assustados e o avião passou raspando em nossas cabeças e nos abaixamos.


O time do Parque nesta hora, acostumados, atacaram e fizeram o gol de empate, sem qualquer reação nossa.

Na foto, no alto à esquerda era o campo de futebol

Aquilo nos deixou enfezados e começamos a atacar repetidamente o adversário e num destes ataques, dentro da área, chutei a bola com violência para o gol, porém esta bateu no braço do jogador da defesa do Parque. O Ten Gomes Neto apitou e deu "dois toques"dentro da área. Numa confusão, perguntei ao Tenente Gomes Neto " a bola foi desviada pelo braço do jogador deles dentro da área?" e ele respondeu "foi". Eu peguei a bola e disse: "então é penalti". Todos ficaram calados, peguei a bola, coloquei na marca do penalti e esperei a autorização para bater.
O Juiz afastou todos da área, mandou o goleiro se posicionar e autorizou apitando.
Olhei pra bola, corri com raiva e preparei uma bomba!!!
Para minha surpresa e a do goleiro que saltou para um canto do gol, meu pé bateu no gramado e a bola foi indo bem devagar, de mansinho, pra dentro do gol. Que susto! Vencemos a partida por 2x1.

Na Semana da Asa de 1969, fomos convidados para a festa em São José dos Campos, no Centro Técnico da Aeronáutica (CTA) e Instituto Técnico da aeronáutica (ITA)e disputarmos a taça alusiva a esta festa.

Portão da Guarda do CTA - ITA
São José dos Campos - SP

Preparamo-nos, treinamos, lavamos e passamos nosso jogo de camisa com o belíssimo escudo do Ícaro                       
                                               Í C A R O
26 de Outubro de 1969, Domingo, encerramento das festividades da Semana da Asa, 09 horas, Ginásio de Esportes do CTA, São José dos Campos-SP, lotado, times perfilados Ícaro e CTA, taça na mesa dos árbitros, mesa composta com o Brigadeiro Comandante do CTA.

Time do Ícaro:  Lucélio Garcia - goleiro
                        Ricardo Othechar - defensor esquerdo
                        Edson Bartolo - defensor direito
                        Cláudio Garcia - atacante esquerdo
                        Milton Bartolo - atacante direito
Reservas Ícaro: Reinaldo (goleiro), Silvio, Gilberto (giba), Vanderley, Marcos e Alexandre Othechar.
Técnico: Tenente Gomes Neto
                        
Partida dificílima, pois todos estavam cobiçando o troféu da Semana da Asa.
Muitas faltas, e começamos a sentir uma certa preferência do árbitro pelo time da casa, ainda mais com um Brigadeiro na mesa de arbitragem.
O primeiro tempo acaba em zero a zero e nossa torcida começou a vaiar o árbitro que não freou as faltas do time do CTA.

Segundo tempo inicia e corre da mesma forma que o primeiro com muitas faltas e atritos.
O Lucélio, nosso goleiro, neste dia estava pegando até pensamento. Não passava nada.
O Jogo caminhava para seu final, que com este placar, deveria ir para uma prorrogação, mas de repente, a mesa apita o final do jogo e paramos, porém o time da casa continuou e fez o gol e o árbitro validou.

Corremos para a mesa dizendo que haviam apitado  final do jogo, mas o Brigadeiro desconversou e validou o gol.

O tempo fechou!!! Segura o Brigadeiro !!!

O céu de brigadeiro carregou de nuvens escuras e disparei pra cima do Brigadeiro, porém, no meio do caminho o Tenente Gomes Neto me segurou com receio de pancadaria. da mesma forma o resto do time partiu para cima do árbitro que sumiu no vestiário.

Reunidos no centro da quadra, despedimos da torcida e resolvemos ir para os vestiários sem participar da entrega de medalhas e troféu, que durante a entrega, houve uma vaia geral das torcidas.

Após o banho e todos arrumados, fomos comunicados para irmos ao rancho dos oficiais para um almoço de confraternização e nosso técnico disse que não poderíamos recusar.
O almoço foi muito bom e o técnico do CTA veio pedir desculpas e afirmou que também havia ouvido o apito final da mesa, mas era melhor esquecer este assunto.

O assunto realmente foi esquecido com todos mergulhando nas piscinas do CTA e, durante o caminho de volta, viemos cantando músicas de São José dos Campos até Cumbica, com muitas gargalhadas imaginando o Brigadeiro apanhando e nós na cadeia.
            
                       


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

VIAGEM DE FÉRIAS PARA PORTO ALEGRE - TRI LEGAL

Meu pai havia comprado a DKW Vemaguet novinha em 1962 e em Janeiro de 1965 resolvemos fazer com ela uma viajem, de certa forma histórica, para Porto Alegre, Rio Grande do Sul, sua terra natal, para visitarmos nossos parentes gaúchos.


Um viajem de 1.150 km pela BR-2, atual BR-116, Via Régis Bittencourt,  com a duração de aproximadamente 28 horas, pois alguns trechos ainda se encontravam em obras.

Carro preparado, com dois estepes reserva, sendo um deles colocado num bagageiro na capota. A previsão era dormirmos num hotel na cidade de Vacaria, no Rio Grande do Sul.

Viajem iniciada às 05 horas da manhã, numa alegria contagiante de todos.
Atravessamos a cidade de São Paulo, seguindo pela Av 9 de Julho e pegamos a estrada pela cidade de Taboão da Serra.
O trecho inicial da estrada bem conservado, a DKW cumpria seu trabalho de forma brilhante, variando sua velocidade entre 80 e 100 km por hora.  Descemos bem a Serra no trecho paulista e seguimos para Registro onde paramos para um café reforçado.

Em Registro, a paisagem de montanhas mudou para paisagem de plantação de bananas, longo trecho.


Quando entramos no Estado do Paraná, antes de Curitiba, já observamos muitas árvores Araucárias, típicas da região.
Árvores Araucárias

Paramos para almoçar em Mafra, Santa Catarina, e seguimos em direção a Vacaria no Rio Grande do Sul para pernoitarmos num hotel.
Porém...quando estávamos chegando na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, vários caminhões do Exército estavam parados no acostamento e logo, um grupo de soldados nos pararam.
Meu pai mostrou seus documentos como militar da FAB e o soldado dando continência avisou:

"Sargento, a ponte da divisa do Rio Pelotas desmoronou com a enchente do rio e a passagem terá de ser feita por ponte emergencial do Exército, porém como está anoitecendo, ela está interditada por motivo de segurança até ao amanhecer, entretanto, o senhor poderá estacionar seu carro com a família bem próximo a ponte de emergência que colocaremos um soldado tomando conta de vocês. Podem dormir tranquilos"

Esta ponte desabou no Rio Pelotas em Janeiro de 1965, com o engenheiro que a projetou em cima dela quando a inspecionava e dizia: "Nem Deus derruba esta ponte". O Engenheiro desapareceu nas águas da cheia do rio.

Prevenidos, comemos um lanche previamente preparado por minha mãe. Meu pai rebateu os bancos traseiros da Vemaguet, minha mãe colocou cobertores no assoalho rebatido dos bancos e dormiram atrás meu pai, minha mãe e minha irmã. Nos bancos da frente dormimos eu e meu irmão, isto depois de muita farra e papos.

O problema é que a cada duas horas trocava a guarda e a noite seguiu assim:
22 horas "toc...toc(na janela) - Sargento, soldado fulano se apresentando, pode dormir tranquilo"
24 horas "toc...toc(na janela) - Sargento, soldado ciclano se apresentando, pode dormir tranquilo"
02 horas "toc...toc(na janela) - Sargento, soldado beltrano se apresentando, pode dormir tranquilo"
04 horas "toc..toc(na janela) - ... Meu pai diz "estou tranquilo, mas vocês não me deixam dormir"
O soldado: " certo sargento, não vamos acordá-lo mais, boa noite "
05 horas comecei gritar dormindo "pai...pai...pai...um posto Shell, pode parar"
Meu pai rindo saiu pra fora do carro pra fumar e voltou pra dormir.
06 horas "toc...toc (na janela)- Sargento, a ponte abriu, pode atravessar quando acordar"

Meu pai acordou-nos, arrumamos o carro e atravessamos a ponte de emergência, em direção a Vacaria para o café da manhã.

Durante o trajeto, minha irmã começou a pedir que queria ir ao banheiro, mas na região havia somente mata e nada de posto de gasolina. Minha mãe disse ao meu pai: " Adalberto, vai mais devagar que vou procurar um local fechado pra eu ir com ela".
Escolhido o local, as duas entraram no mato. Passado algum tempo, as duas retornam com as calças regaçadas, com as pernas e pés sujos de cocô e minha mãe disse: "Adalberto, neste local vai muita gente"
Meu pai e nós dando gargalhadas tivemos que abrir todas as janelas e ir com as cabeça de fora do carro, pois o cheiro era insuportável e meu pai disse: " Guiomar, em mil quilômetros de estrada você escolheu logo este lugar!!!"

Chegando a Vacaria, num posto de estrada, o dono do posto cedeu o banheiro da casa para o banho de todos e logo após, um maravilhoso café colonial, com mais de 40 tipos de quitutes, entre tortas e doces, lotando a mesa, simplesmente maravilhoso o café.

Mesa de café colonial no Rio Grande do Sul

De Vacaria, seguimos direto a Porto Alegre onde fomos maravilhosamente recebidos pelos nossos parentes Getúlio, Neiva e nossos primos Yára Bauer e Victor Hugo. Uma casa maravilhosa, que como na maioria das casas de Porto Alegre, com uma bela parreira de uvas verdes e vermelhas que preenche toda a parte lateral da casa muito carregada com lindos cachos de uvas para nosso regalo e logo no dia seguinte, um tradicional churrasco gaucho no Clube Wallig onde meu tio Getúlio trabalhava como engenheiro e muitas brincadeiras com os primos.

Muitos passeios pela linda Porto Alegre: Rua da Praia, Estádio Beira Rio que estava sendo construído, o Estádio Olímpico, Ponte Elevatória do Rio Guaíba e Morro de Santa Teresa e praias Ipanema (Guaíba) e Tramandaí e nas serras gaúchas, Gramado e Canela.
Rua da Praia

Ponte do Rio Guaíba

Porto Alegre vista do Morro de Santa Teresa

Praia de Ipanema (Rio Guaíba)

Praia de Tramandaí

Gramado - Natal Luz

Gramado - Lago Negro

Canela - Igreja Matriz

Canela - Castelinho


Após estes passeios, retornamos a São Paulo pela estrada BR 101, via litoral: Torres-RS, Garopaba-SC, Florianópolis-SC, Blumenau-SC, Joinville-SC, Curitiba-PR, São Paulo-SP, Cumbica-Guarulhos.




sexta-feira, 16 de setembro de 2011

RIO BAQUIRIVU - O NOSSO RIO DE CUMBICA -

Um dos melhores passatempo dos meninos de Cumbica era andar pelas matas da Base observando os animais silvestres, passarinhos, tipo de árvores, frutas silvestres, insetos e rios.

Era muito comum encontrarmos cobras do tipo falsa coral, coral verdadeira e cascavel, abundantes naquelas matas.
Falsa coral (não venenosa)

Coral verdadeira (venenosa)

Cascavel

Havia um respeito entre as partes, não invadíamos seus ninhos e elas jamais nos atacaram.
Muitos insetos também eram comuns nas matas, as aranhas caranguejeiras, besouros enormes, gafanhotos, grilos e a horrível e enorme barata d'água.

aranha caranguejeira

a enorme barata d'água (do brejo)

Em frente à cabeceira da pista de decolagem de aviões havia um grande brejo que era causado pelo transbordamento do Rio Baquirivu em todos os Verões época das chuvas.

Neste brejo, além de vários pássaros e insetos, era o habitat desta barata voadora, que chega normalmente a uns 20 cm de comprimento, com garras fortíssimas. Na época de verão, sempre cerca das 18 horas, tínhamos que fechar as janelas de casa para evitar a entrada deste inseto, que neste período alçavam voo para acasalamento.  À noite, as vezes, escutávamos a batida na janela da frente destas baratas, que acabavam caindo no jardim e pela manhã matávamos estas baratas que felizmente não são ágeis como as comuns caseira.
Neste período de cheias, aproveitávamos para ir ao Rio Baquirivu para mergulhos de cima da ponte da linha de trem, linha esta que levava os militares para a Base de Cumbica.


Um dia destes, de verão bem quente, a turma se reuniu, eu, Milton, João Alves, Cláudio, Lucélio, Flávio (cocô), a Lina nossa cachorra e seguimos para o rio...
Saímos da Vila dos Sargentos, seguimos pela mata rasteira em direção à linha de trem, descemos o barrancão que exigia uma escalada a baixo de 30 metros até atingir a linha do trem da Base.

No ponto em azul à esquerda está a ponte do Rio Baquirivu.
À direita, a Vila dos Sargentos. Foto de 1958

Seguimos pela linha até chegar à ponte, no Rio Baquirivu. Descemos ao lado por uma pequena trilha e chegamos a beira do rio que em baixo da ponte vinha por uma corredeira e se espalhava num largo calmo e mais profundo. Lá, já vestidos de calção, tiramos as sandálias e camisas e subimos para a ponte.
Cada um, separadamente pra não cair em cima do outro, pulamos no largo mais profundo e a Lina, pulava junto. Num destes mergulhos, o João veio com um peixe na mão bem feioso, com uns bigodes estranhos e disse: " tem cascudo aqui "... e depois de muito cutucarmos o peixe, o devolvemos ao rio.

Cascudo

Nesta farra de mergulhos, e nadando, de repente, lá em cima da ponte, aparece desconhecido, visivelmente alcoolizado, cambaleando, falava naquele linguajar bêbado e caipira: "ei mulecada...pode nadá...mas animar (animal) não."

O João gritou ao bêbado:
" A Lina também pode nadar?"
Ele respondeu:
""Craru!!! ela num é animar!!!

Explodimos em gargalhadas e esta fala do bêbado virou nosso refrão:

"A Lina pode ir ao cinema?" ... ao Cassino? ... pegar gabiroba?
"CRARU!!!.....ELA NUM É ANIMAR !!! "

Na volta do banho no rio, após subir o barrancão, atacamos os pés de gabiroba...que delícia!!!

Gabiroba do Campo