Cabine de Telefone semelhante as da vila dos Sargentos
O período era de turbulência e muitas informações chegavam na Vila, de automóveis passando em alta velocidade na altura do portão da guarda dando tiros e vinham as recomendações de não ficarmos próximos às redondezas da BASP.
Meu pai, nesta época estava em serviço especial na região de Santos, numa ilha, que chamavam de Ilha das Cobras, tomando conta de colegas militares presos por acusação de serem comunistas. Alguns destes colegas eram pais de amigos meu da Vila e a situação estava muito triste para todos nós. Já há muito tempo ele estava por lá e a saudade batia forte, principalmente por chegar a minha data de aniversário.
Neste dia, 11 de Setembro, amanheceu com a neblina característica de Cumbica e aos poucos o sol foi se firmando e eu estava com grande esperança de meu pai aparecer neste dia e mesmo sem a festa de aniversário eu ficaria muito feliz.
O tempo foi passando, e a Vila praticamente deserta se mostrava ainda mais triste e meu pai não chegava. Nenhuma notícia vinha sobre seu retorno.
Em frente a minha casa havia uma cabine de telefone e eu sentado na frente de minha casa não imaginava uma grande surpresa:
""""rinnnnnggg.......rinnnnnng......(o telefone disparou a tocar)""""
Como de costume, corri para atender e disse:
---- Alo......alo.... quem fala? Aqui é o Edson.
Do outro lado, uma voz muito em som muito baixo disse:
---- É o Edson?.....(.e ele em som mais alto devido minha deficiência auditiva).....Edinho??? ......é o papai!!!
Ele disse:
---- Feliz aniversário filhão!
Eu com as lágrimas caindo gritei:
---- Paiiiiiii obrigado...estamos com saudades !!
---Eu também....logo volto...mande beijos pra todos...tenho que desligar.
Foi o melhor presente de minha vida.
Obrigado pai.
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