Rancho da Base
Esquadrão de Suprimentos e Manutenção
O hangar à esquerda, local desta história
Quando eu estava com 7 anos de idade, um dia, de manhã bem cedo, meu pai me acordou e disse:
--- Edson, venha trabalhar comigo.
Saltei da cama num pulo só, minha mãe me aprontou e rápidamente já estava apressando meu pai...
Após o banho, meu pai fez a barba, colocou uma camiseta que tinha seu nome pintado em preto do lado esquerdo "2S SH Adalberto", colocou uma camisa de manga comprida azul por cima, calça azul mais escuro, sapatos clássico preto brilhando e a gravata preta (naquela época era de uso obrigatório) tudo isto bem vigiado pelos meus olhos arregalados e cheios de alegria.
Após o café, meu pai pegou seu quepe e seguimos da Vila dos Sargentos na nossa sempre brilhando DKW Vemaguet azul com capota branca, para o hangar ESM - Esquadrão de Suprimentos e Manutenção.
Lá chegando, logo tocou a sirene e todos militares se colocaram em forma e o Suboficial com uma prancheta na mão começou a chamada, igual minha escola (rsrs) e todos davam sua presença. Quando no final da chamada, o Suboficial perguntou baixinho "qual seu nome?" e logo respondi "Edson" e ele chamou bem alto:
--- Edson !!
--- Num salto com as mãos para cima, respondi:
--- Presente !! e todos riram...
Após a formação, segui todo orgulhoso com meu pai para a Seção Hidráulica. Lá, durante o dia, vi todos os testes de válvulas, bombas e motores hidráulicos na bancada específica que trabalhava com um óleo hidráulico bem vermelho que me deixou espantado. Vi testes de trens de pouso, sentado em local seguro, e fiquei maravilhado. Logo tocou a sirene do almoço!!!
""''uuuuuóóóóóóóóóóó´"""" e seguimos para o rancho....
Lá no rancho, sentei à mesa de tampo de fórmica azul, com cadeiras também em fórmica azul e esperei meu pai vir com minha bandeija.
Todos vinham me cumprimentar e sorriam muito.
Minha bandeija veio, num prato feito, feijão preto, arroz, bife, batatas e um copo com leite.....puxa...só eu tinha o copo com leite (rsrsr) e sobremesa, goiabada com queijo (romeu e julieta).
O taifeiro veio na minha mesa ver se estava tudo certo e se eu queria mais algo...."muito obrigado" eu disse, todo orgulhoso de estar junto com os amigos de meu pai.
A tarde, conheci todas outras seções e em especial a do Sgto Batista, de pinturas, onde fiquei quase toda a tarde e ele me ensinando como fazer as letras com a régua de letras.
Um dado momento, ouvi um barulho de estouro e segui com meu pai para o páteo e ficamos olhando a partida dos motores de um B-25:
""blofff"" tufo preto.....bloooff...outro tufo...as hélices começaram a girar, lentamente e depois com muita velocidade e o barulho dos motores encheram o ar e nossos corações.
O B-25 se mechia com o acelerar dos motores querendo a todo custo ir para seu lugar certo que era o céu...
16:00 hs..""uuuuuuóóóóóóóóóó''' e todos vieram se despedir e agradeceram pela minha presença e foram embora.
Todos do ESM - 1959
Na volta para casa, fiz muitas perguntas a meu pai, falei tudo o que vi e que aprendi.
Um dia inesquecivel e maravilhoso ao lado de meu pai.
O avião B-25
Vivi muitos dias parecidos com meu pai . Em Goiânia quando iamos a Shell ou Esso encher os tambores de combustivel para futura distribuição no interior de Goias ( Porto Nacional , Xingu , Aragarças ,Brasilia , etc ) e depois na seção de hidraulica em Lagoa Santa . Muitas das vezes não era presente mas castigo ou para dar um pouco de paz a minha mãe . Essa é uma lembrança recorrente e saudosa que tenho de meu pai .
ResponderExcluirEdson tbm desci muitas vezes ao hangar com meu pai, enquanto ele trabalhava eu voava dentro de um T6, hora dentro de um B25,aquele que estivesse em manutenção, sinto ainda o cheiro da gasolina que naquela época os mecânicos usavam para limpar as mãos, após a revisão nos motores.
ResponderExcluirlembro de uma vez que a convite de um oficial fomos buscar uma peça de motor no campo de marte. e o piloto me deixou pegar no manche da aeronave (um Bit) alguns momentos. Que realização foi aquele dia!
gde abç
Pois é caro Ivan...são estas recordações verdadeiras jóias em nossas vidas. Abração.
ExcluirEdson
Linda história! Como você disse "essas recordações são verdadeiras jóias em nossas vidas". Também fui a este rancho, do qual eu me lembro da merenda escolar ( pão com goiabada e leite com sagu ou aveia)que era dada na escola Ribeiro de Barros que ficava na beira da lagoa. Bons tempos!!! E o hangar então, tenho a mesma lembrança do cheiro de gasolina e tudo isso me faz lembrar do meu querido pai o Sgtº Nuno.
ResponderExcluirboa tarde. Confesso que me senti arrepiado com seu relato. Trabalhei na seção de hidráulica e trens de pouso de 2007 a 2010 no ESM da BASP. Ver essas fotos me fez pensar quantos já passaram por ali e quantas outras histórias estão sendo escritas lá. Fui muito feliz por trabalhar lá. Hoje trabalho no ESM da BABR e desejo todos os dias voltar para SP.
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